O presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, e o ex-diretor de marketing e comunicação da entidade, Leonardo Gryner, foram presos pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira no Rio de Janeiro. Ambos são investigados na Operação Unfair Play, um desdobramento da Lava Jato que aponta que houve compra de votos para que o Rio fosse escolhido como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
A investigação conjunta do Ministério Público Federal (MPF) do Brasil e do Ministério Público Financeiro de Paris, da França, apura a relação entre viagens dos dois dirigentes à África em 2009 e transferências bancárias para o Papa Massata Diack, filhão de Lamine Diack, então presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês).
Há um mês, O juiz federal Marcelo Bretas decretou o bloqueio de R$ 1 bilhão de Nuzman e dos empresários Arthur Soares e Eliane Cavalcante.
A força-tarefa aponta que "neste grande esquema ganha-ganha" o empresário Arthur Soares direcionou propina que seria destinada ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) para Papa Massata Diack, filho do então presidente da IAAF, Lamine Diack. Segundo o Ministério Público Federal, o objetivo era "garantir mais um voto na escolha do Rio de Janeiro como sede para os Jogos Olímpicos de 2016".
"Cabral determinou que Arthur Soares realizasse pagamento de US$ 2 milhões a representante da Associação Internacional de Atletismo, como forma de obter votos para a eleição da cidade do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016", afirmou a procuradoria na época.
"Carlos Arthur Nuzman, como presidente do COB (e, posteriormente, também do Comitê Rio-2016), foi o agente responsável por unir pontas interessadas, fazer os contatos e azeitar as relações para organizar o mecanismo do repasse de propinas de Sérgio Cabral diretamente a membros africanos do COI, o que foi efetivamente feito por meio de Arthur Soares", acrescentou a procuradoria.