Após uma investigação minuciosa, realizada sob supervisão da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), a Ferrari revelou nesta sexta-feira que um problema em um sensor acabou provocando o grave acidente com um mecânico da equipe durante um pit stop do GP do Bahrein, no último domingo, quando Kimi Raikkonen atropelou um membro da escuderia que sofreu duas fraturas na perna esquerda após o piloto finlandês ser liberado para voltar para a pista de forma precipitada.
Francesco Cigarini foi atingido quando estava com uma de suas pernas ainda na linha do pneu esquerdo traseiro do carro. Por causa do acidente, ele foi submetido a uma cirurgia para correção das fraturas e se recupera bem. O chefe da Ferrari, Maurizio Arrivabene, informou que o mecânico retornou na última quinta-feira para a Itália, onde dará continuidade ao seu processo de reabilitação.
E foi justamente o dirigente que confirmou nesta sexta a causa do acidente ocorrido no último domingo. "Temos um procedimento para garantir que os pit stops realizados durante as corridas sejam feitos do modo mais seguro possível. Neste caso nós temos três fatores - um envolve o controle humano, o outro envolve mecânica e um outro envolve um dispositivo eletrônico (o sensor)", afirmou Arrivabene, que depois apontou: "O que aconteceu é que o pneu traseiro esquerdo não foi bem encaixado e isso não foi lido perfeitamente pelo dispositivo eletrônico que dá a luz verde".
No caso, essa luz verde serve para avisar ao piloto que o pit stop já foi concluído e Raikkonen só acelerou o seu carro após receber este sinal. Porém, Francesco Cigarini ainda estava no caminho da roda traseira esquerda do monoposto do finlandês e o atropelamento lhe causou fraturas na tíbia e no perônio de sua perna esquerda, em uma cena impressionante para quem a presenciou naquele momento.
Raikkonen acabou protagonizando o acidente quando estava na terceira posição do GP do Bahrein e lutava diretamente por um lugar no pódio na corrida que acabou sendo vencida pelo alemão Sebastian Vettel, o seu companheiro de equipe, enquanto a segunda posição foi conquistada pelo finlandês Valtteri Bottas, da Mercedes.
Por causa do acidente grave, a Ferrari também foi multada pela FIA em 50 mil euros (cerca de R$ 206 mil) e a entidade informou na última quarta-feira que abriu uma investigação para constatar se o tipo de equipamento usado para trocas de pneus possui a eficiência suficiente para garantir a segurança dos pilotos e dos responsáveis por executar este trabalho nas paradas nos boxes.
No caso, o equipamento em questão citado pela FIA foi a pistola elétrica que é capaz de retirar e afixar as rodas nos monopostos de forma rápida para realizar estas trocas dos pneus. O anúncio da investigação foi feito por Charlie Whiting, diretor de corridas da F-1, que afirmou que os incidentes registrados nas duas primeiras provas desta temporada estão "parecendo cada vez menos uma coincidência".
Antes deste incidente, Raikkonen já havia sido forçado a deixar o segundo treino livre do GP do Bahrein, realizado há uma semana na pista de Sakhir, após uma das rodas de sua Ferrari se soltar do carro. E isso ocorreu depois de a equipe Haas, que usa o mesmo tipo de equipamento para fixação das rodas como fruto da parceria técnica firmada com a escuderia italiana, sofrer dois acidentes desta mesma natureza no GP da Austrália, realizado no dia 25 de março.
A Ferrari revelou a conclusão da causa do acidente do último domingo na mesma sexta-feira em que foram iniciados os treinos livres do GP da China, em Xangai, cuja sessão qualificatória para o grid de largada está marcada para acontecer às 3 horas (de Brasília) deste sábado. A corrida tem largada marcada para ocorrer às 3h10 de domingo, quando começará a ser realizada a terceira etapa do Mundial de Fórmula 1.