Esportes

CCR está sem dinheiro, sem técnico e sem rumo

03 jan 2019 às 08:41

O ano de 2018 foi marcante para o Cascavel Clube Recreativo (CCR). Mesmo com recursos reduzidos, o time retornou para o pelotão de elite do futebol paranaense. O CCR teve uma campanha épica no Campeonato Paranaense da segunda divisão, que só não foi melhor porque o time ficou atrás do forte Operário de Ponta Grossa no torneio. De qualquer modo, o time conseguiu retornar para a primeira divisão em 2019. Antes disso, a última vez que o CCR havia disputado o Campeonato Paranaense havia sido em 2011, o ano em que o clube caiu para a segundona.

Por isso, um dos objetivos da equipe no Estadual de 2019 é se manter na elite. Uma queda em 2019 ofuscaria tudo o que foi construído no ano passado. Se bem que, durante a pré-temporada, o discurso do CCR foi bem otimista e a palavra ‘rebaixamento’ foi enxotada do dicionário. Claro que os profissionais do clube reconheceram a condição de ‘patinho feio’ na volta para a primeira divisão e implantaram o discurso de humildade. Dessa forma, o objetivo de permanecer na elite ganhou força. Mas ele veio acompanhado do desejo de surpreender quem já fazia parte da elite.

É, mas o caminho de volta para a primeira divisão tem se mostrado muito mais implacável com o CCR do que foi a jornada na segundona do ano passado. Já anunciou dois treinadores e está sem comando no momento. Pior do que isso: corre o risco de não disputar o Campeonato Paranaense deste ano.

A diretoria havia anunciado Marcelo Caranhato como técnico para a disputa do Estadual. Mas o treinador nem chegou a assumir o time. Em virtude do atraso na apresentação do elenco, Caranhato optou por não trabalhar no CCR. Mas a diretoria agiu rápido e contratou o técnico Allan Aal, com histórico de bons trabalhos no Rio Branco e no Foz do Iguaçu. Allan foi apresentado e começou o trabalho com elenco. Ele mesmo incorporou o espírito de luta do CCR para retornar para primeira divisão e fomentou esse discurso entre os jogadores. Só que 2019 não começou nada bem para o CCR. Faltando pouco mais de duas semanas para o início do campeonato, Allan Aal também deixou o clube para assumir o Nacional de São Paulo. Ele anunciou a saída do clube na quarta-feira (02).

E para piorar, uma antiga dívida do clube pode impedir o CCR de disputar o Estadual. Uma decisão judicial da 3ª Vara Cível de Cascavel pediu o bloqueio de R$ 163 mil das contas do clube. Essa dívida é referente ao aluguel de alguns imóveis próximos ao Estádio Olímpico em 2009 e foram feitas por gestores anteriores do clube. Na época, a dívida era de apenas R$ 23 mil e aumentou 600% num intervalo de mais dez anos.

Esse bloqueio mina a primeira renda do CCR antes do Paranaense. O clube deve receber a primeira parcela do emissora detentora dos direitos de imagem do campeonato, cujo valor é de R$ 170 mil. Esse montante é crucial para o clube iniciar a disputa do Campeonato Paranaense, tanto é que o presidente Tony Di Almeida cogita a possibilidade de pedir licença à Federação Paranaense de Futebol (FPF) e não disputar o Estadual de 2019, justamente a edição do retorno à elite. “Essa ação cível que nos foi apresentada vem de gestões passadas, nós não sabíamos dela. Fomos pegos de surpresa. Se não conseguirmos um acordo sensato e que possamos cumprir, a única saída é pedir licença do campeonato”, disse o presidente, em entrevista à Radio Banda B, de Curitiba. De acordo com Tony, a atual diretoria até estaria disposta a quitar essa dívida, só que precisaria de um tempo maior para isso.

Tensão

A saída de Allan Aal pode não ter uma ligação direta com o fato do risco do CCR de ficar fora do Estadual. Segundo pessoas ligadas ao clube, o treinador recebeu essa proposta do Nacional há dez dias. É claro que esta derrota fora dos gramados contribuiu para a tomada de decisão do treinador.

Tony fez uma reunião como os jogadores e expos toda a situação. Pediu para quem mantenham o grupo unido, pois fará o impossível para manter o CCR na primeira divisão. Mas até que toda essa situação não se resolva, um futuro de obscuridão paira sobre o clube, que está sem técnico, pode ficar sem dinheiro e pode perder o rumo.