“Faltou só um golzinho pra gente classificar...” A frase dita pelo técnico Ageu Gonçalves soa com um ar de lamentação. Afinal de contas, o ‘golzinho’ desejado por ele teria colocado o Cascavel CR nas quartas de final do Campeonato Paranaense de 2020. No domingo passado, a Serpente Tricolor encerrou a sua participação no Estadual com um empate em 1 a 1 com o PSTC fora de casa. Se o time dirigido por Ageu Gonçalves tivesse vencido o jogo válido pela última rodada teria ficado na frente do Paraná Clube e avançado para a próxima fase. Essa situação, por si só, já justifica o lamento de Ageu Gonçalves.
O torcedor do time deve ter se perguntado: “e se o Ageu Gonçalves tivesse chegado um pouco antes? Trabalhado com o elenco durante a pré-temporada do clube e dirigido o Cascavel CR desde o início da competição? O time cascavelense estaria entre os oito melhores do Estado?” De fato, é difícil responder a estes questionamentos porque a subjetividade que os cerca é enorme. Mas pelos números conquistados por Ageu Gonçalves mostram que sim. Se ele tivesse iniciado o trabalho no clube estaria entre os oito.
Ageu chegou depois, como uma espécie de ‘apagador de incêndio’. O Cascavel CR começou o Estadual com o português Luis Miguel no comando. Ele dirigiu o time nas duas primeiras rodadas e foi derrotado por Operário (1 a 0) e Paraná Clube (2 a 0) dentro do Estádio Olímpico. No dia seguinte a esse jogo, o presidente Tony Di Almeida optou pela troca e demitiu Luis Miguel. E já anunciou a contratação de Ageu Gonçalves.
O novo treinador teve o primeiro contato com os jogadores no sábado, dia 25 de janeiro, na véspera do ‘Clássico do Veneno’. Obviamente, não pode contribuir muito... Das arquibancadas do Olímpico, Ageu viu o seu futuro time ser derrotado pelo FC Cascavel por 3 a 0. Depois do clássico, ele esteve no vestiário. E viu um clima de velório entre seus atletas.
Ele iniciou o trabalho no Cascavel CR de maneira efetiva no dia 27 de janeiro uma segunda-feira. A essa altura, o Cascavel CR estava afundado na lanterna da competição, ainda sem marcar gols e apontado como forte favorito ao descenso.
Novamente, não teve muito tempo de trabalhar. Comandou o time num treino, viajou na terça (28) e estreou como técnico da equipe no dia 29, uma quarta-feira, contra o Rio Branco em Paranaguá, pela quarta rodada. E o resultado não foi o esperado: derrota por 2 a 0 para o Leão da Estradinha. Mas antes de pensar em qualquer mudança tática, era preciso revigorar o brio e restaurar a confiança do elenco. O técnico do Cascavel CR conseguiu isso no jogo contra o Toledo, a primeira vitória do time cascavelense no Estadual. Por isso, o treinador destaca aquele jogo como o mais importante na campanha, deixando a vitória épica sobre o Londrina em segundo plano. “Foi o jogo da retomada no campeonato”, resumiu ele.
A retomada, encabeçada por Ageu, manteve o Cascavel CR na primeira divisão. Depois de derrotar o Toledo, o time teve mais duas vitórias sobre Coritiba e União. Perdeu para o time principal do Athletico-PR fora de casa e foi superado pelo Cianorte no Olímpico. Esse jogo válido pela penúltima rodada foi o ponto fora da curva da campanha, segundo Ageu. Mas apesar do resultado adverso, o time se manteve vivo para buscar uma vaga nas quartas e se livrou do rebaixamento. Precisava da vitória diante do PSTC para se classificar e este resultado não veio.
No balanço geral, Ageu Gonçalves avalia como positiva a sua passagem pelo Cascavel CR. Em oito jogos, foram três vitórias, dois empates e três derrotas, um aproveitamento de 45,8%. “O importante foi atingir o objetivo que era deixar o Cascavel CR na primeira divisão. Conseguimos isso com muito trabalho, muita luta de todos, os membros da comissão técnica, os jogadores, a diretoria. Permanecemos na primeira divisão e conseguimos brigar até a última rodada pela classificação", disse.