A Copa de 2018 teve apenas um benefício para a Seleção Brasileira. Com os oito gols marcados em cinco jogos em território russo há dois anos, o Brasil voltou a ocupar o posto de seleção que mais marcou gols na história de todos os mundiais. O time canarinho chegou a 229 gols em 108 jogos. Esta estatística foi possível em decorrência de outra situação: o fracasso da então campeã Alemanha no Mundial de 2018. Os germânicos amargaram uma eliminação na primeira fase e marcaram míseros dois gols em três jogos na Rússia, um número bem diferente dos 18 gols marcados em 2014. Inclusive, na goleada de 7 a 1 sobre o Brasil naquela Copa, a Alemanha havia se tornado a seleção com o maior número de gols nos Mundiais. O desempenho pífio na Rússia deixou os germânicos com 226 gols.
Mas já parou para pensar que o desempenho do ataque da Seleção comandada por Tite em 2018 foi quase o mesmo do desempenho de um único jogador no Mundial de 1970? Jairzinho marcou o mesmo número de gols da camisa que usou no México há 50 anos: sete. Ele carrega um recorde: se tornou o único jogador a marcar gols em todos os jogos de uma única edição da Copa do Mundo. Foram sete gols em seis jogos. Jairzinho só não terminou o Mundial como artilheiro porque o alemão Gerd Müller fez incríveis dez gols, sete deles só nos três jogos da primeira fase.
Estrelado
Jairzinho tem no currículo três Copas do Mundo com a Seleção Brasileira. Além de 70, ele disputou as edições de 66, na Inglaterra, e 74, na Alemanha. Na primeira participação, a decepção foi grande. Jairzinho foi titular, mas o Brasil não passou da primeira fase em solo inglês. Em 74, o Furacão marcou mais dois gols, um contra o Zaire e outro contra a Argentina, e chegou a nove em mundiais. O ápice da trajetória com a camisa amarelinha foi mesmo durante a campanha do tri. Isso porque, segundo Jairzinho, o técnico Zagallo, que havia assumido a Seleção Brasileira dois meses e meio antes da Copa, conseguiu comportar todos os jogadores talentosos num único time, o que deixou o Brasil uma máquina de fazer gols. Ao todo, foram 19 em seis jogos, uma média de 3,1 por partida. “Você já imaginou alguém colocar cinco camisas 10 para jogar juntos? Na prática era isso: eu, Pelé, Gérson, Tostão e Rivelino fazíamos a diferença em nossos clubes. Na Seleção, tínhamos total liberdade dentro de campo, fizemos uma preparação física e técnica muito bem elaborada. Aquela Jules Rimet tinha de ser nossa”, lembrou o Furacão numa entrevista concedida ao site da CBF.
Os sete gols
Jairzinho não foi o autor do primeiro gol na conquista do tri. Esse mérito foi de Rivellino. E também não fechou a campanha que garantiu a Taça Jules Rimet em definitivo. O último gol do Brasil no Mundial de 70 foi do capitão, e saudoso, Carlos Alberto Torres.
Mas Jairzinho foi decisivo no jogo de estreia ao marcar duas vezes contra a Tchecoslováquia. Ele marcou o terceiro e o quarto gols na goleada de 4 a 1, no dia 03 de junho de 1970. A partir daí, deixou a sua marca em todos os outros cinco jogos. Superou o lendário goleiro Gordon Banks na vitória por 1 a 0 sobre a Inglaterra. E marcou o segundo gol brasileiro nos 3 a 2 sobre a Romênia, ainda na primeira fase.
Na quartas de final, contra o Peru, aproveitou passe de Rivellino para marcar o quarto gol brasileiro e garantir a vitória por 4 a 2. Nas semifinais, o Brasil enfrentou o Uruguai. E Jairzinho marcou o gol da virada. A Seleção de Zagallo derrotou o time celeste por 3 a 1.
E o Furacão não poderia passar em branco na final contra a Itália. Jairzinho anotou o terceiro gol brasileiro, depois de Pelé e Gérson já terem marcado. O jogo ocorreu no dia 21 de junho de 1970. Mas o duelo contra a Itália é assunto para outro post.