Aos 71 anos e afastado do futebol desde setembro de 2019, o técnico Luiz Felipe Scolari garantiu que ainda não pensa em aposentadoria e voltará ao trabalho melhor do que estava. Em entrevista ao jornal inglês The Guardian, o treinador campeão do mundo com a seleção brasileira em 2002 fez uma análise sobre a carreira e voltou a lamentar que carrega uma grande carga de responsabilidade pela derrota da equipe nacional na Copa de 2014.
Felipão está sem trabalhar desde a saída do Palmeiras, embora tenha recebido outras propostas desde então. A última delas foi do Colo-Colo. Dirigentes do time chileno viajaram ao Brasil para negociar com o treinador. Porém, não houve acordo. O técnico não demonstra estar apressado para encontrar algum emprego e passou os últimos meses observando jogos.
"Eu tenho assistido o Campeonato Inglês e os jogos no Brasil. Tenho tempo para examinar os jogos, times e os gols que foram marcados. Eu voltarei melhor do que eu estava antes", disse Felipão.
A entrevista foi feita antes da pandemia do novo coronavírus e o treinador contou que aproveitava o tempo livre para passar dois meses na praia. "É a primeira vez que consegui fazer isso em 50 anos", completou.
Felipão voltou a lamentar na entrevista ter sido rotulado no Brasil como o principal culpado pela derrota por 7 a 1 diante da Alemanha na semifinal da Copa de 2014. "Eu era a pessoa mais associada ao desastre. Sou até hoje. Sou aquele que levou a maior parte da culpa. Quando o Brasil ganhou em 2002, eu não era o grande herói. Todos eram heróis", afirmou.
O técnico atribuiu a derrota ao excesso de erros do Brasil naquele jogo no Mineirão. "Os erros aconteceram e eles foram esplendidamente aproveitados pela Alemanha. Isso foi um desastre em termos de imagem, especialmente aqui no Brasil", comentou. "Foi uma grande bomba, o maior desastre que a seleção já sofreu, provavelmente. Em 1950, eles perderam (para o Uruguai), foi um desastre, mas foi só 2 a 1", comparou.
Ao analisar a carreira, Felipão disse que a experiência como professor de educação física em escolas o ajudou demais a criar um estilo de trabalho. "Eu sabia da minha influência em fazer as pessoas crescerem, jogarem melhor e ser melhores pessoas nas vidas deles", afirmou. "Tudo isso que vivi como treinador, eu tinha aprendido na escola como professor", acrescentou.
Questionado sobre a saída do Palmeiras, que foi marcada por críticas e protestos de membros de torcidas organizadas, Felipão disse que não sentiu medo dessas manifestações. "Você não pode ficar assustado de pessoas que são fortes quando estão em grupo, mas não são o mesmo quando estão sozinhas", afirmou.