O Santos teve 27 atletas e 13 membros de comissão técnica, das equipes masculina e feminina, diagnosticados com o novo coronavírus (covid-19) entre os últimos sábado (7) e terça-feira (10). O coordenador médico do clube, Ricardo Galotti, concedeu entrevista coletiva nesta quarta-feira (11) para explicar o surto.
"Só lembrando que o vírus é comunitário. Ele está presente em todos os lugares. Você pode ser contaminado no restaurante, no supermercado, etc. Em virtude disso, o Santos fez uma nova testagem de todos os funcionários do centro de treinamento para termos segurança de trabalho e todos terem plena recuperação. O Santos também testa todos os familiares dos jogadores que tiveram diagnóstico da covid-19 e acompanha diariamente os funcionários acometidos", explicou Galotti, que considerou eficiente o protocolo adotado pelo Alvinegro.
"Ele foi embasado no da Federação Paulista de Futebol [FPF] e no do comitê médico da Confederação Brasileira de Futebol [CBF]. Foi apresentado ao secretário municipal de Saúde e aprovado. Nosso CT foi visitado pela vigilância sanitária e as medidas de segurança foram aprovadas. O protocolo consiste na testagem três dias antes dos jogos, na desinfecção do CT e palestras educativas. Vínhamos obtendo ótimos resultados. Tivemos dois casos desde o reinício do Campeonato Paulista [os atacantes Raniel e Kaio Jorge]. Infelizmente, nesta última semana, houve o surto", argumentou.
Além dos dez infectados, o elenco masculino possui três jogadores contundidos (o meia Carlos Sánchez e os atacantes Raniel e Renyer) e também está sem o atacante Yeferson Soteldo, integrado à seleção da Venezuela. Na terça-feira, o Peixe cancelou os treinos para realizar novos exames. Os profissionais foram testados nos próprios carros, no estacionamento do CT Rei Pelé. Já o surto na equipe do Sereias da Vila é ainda mais dramático porque, além das 17 contaminadas, o grupo - que reúne 30 jogadoras - tem cinco lesionadas e uma goleira em fase final de gestação.
Devido ao número elevado de casos, o Santos pediu o adiamento dos compromissos das duas equipes. O time masculino encara o Internacional neste sábado (14), às 16h30 (horário de Brasília), na Vila Belmiro, pela 21ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro. Já o feminino receberia hoje (11) o São José, às 15h, no estádio Ulrico Mursa, em Santos (SP), pela última rodada da fase de grupos do Campeonato Paulista. Como a FPF negou postergar o jogo das Sereias, o clube pediu o cancelamento da partida - sem punição, "dado que se trata de força maior" e se prontificou a enviar os exames das atletas ao Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP). Em nota, a Federação confirmou a não realização do duelo, declarando as joseenses como vencedoras por 3 a 0, "conforme prevê o Regulamento Geral de Competições da FPF".
"Ainda não tivemos resposta [da CBF] sobre o jogo com o Inter. Todos os presidentes de clubes assinaram, antes do reinício do futebol, um número mínimo de atletas para entrar em campo. Em Palmeiras x Flamengo já foi assim. A chance é pequena, mas não deixamos de cumprir nosso papel", disse o superintendente de Esportes do Santos, Felipe Ximenes, que também participou da entrevista coletiva.
O dirigente ainda rechaçou que o surto tenha relação com a manifestação de apoio de torcedores, no aeroporto de Guarulhos, no último dia 2, antes do embarque para o jogo contra o Ceará, em Fortaleza, pelas oitavas de final da Copa do Brasil. "O contato ali foi breve, rápido. É difícil colocar uma situação como essa. Controlar uma torcida que quer se manifestar não serve muito para o que podemos pensar daqui para frente. A gente viaja em avião com mais de 100 pessoas, não sabemos os contatos", concluiu.
Cronologia
O primeiro caso do surto foi o do técnico Cuca, no sábado - o treinador segue internado em observação no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. No domingo (8), o clube informou que 14 jogadoras e três integrantes da comissão técnica do time feminino acusaram presença do vírus nos testes. Na segunda-feira (9), o Peixe revelou resultados positivos para covid-19 do goleiro João Paulo, do lateral Madson, do zagueiro Lucas Veríssimo e do preparador de goleiros Arzul.
Por fim, ontem (10), outros sete atletas (o goleiro Vladimir, o zagueiro Alex, os volantes Alison, Jobson e Sandry e os meias Diego Pituca e Jean Mota) e seis integrantes da comissão técnica masculina - entre eles, os auxiliares Cuquinha e Eudes Pedro - foram diagnosticados com a covid-19. No mesmo dia, mais três jogadoras e dois membros de comissão feminina também testaram positivo.
"Fazemos acompanhamento diário dos atletas. Claro que pessoas com comorbidades, como é o caso do Cuca [que é cardiopata], requerem mais cuidado. Por isso ele está internado. Até agora, graças a Deus, todos estão evoluindo bem e assintomáticos", afirmou Galotti.