Esportes

Ginásio Moringão, a casa de quem?

21 ago 2017 às 14:29

Estava dirigindo o carro neste domingão, ouvindo rádio, quando de repente ouço uma publicidade. O anúncio era sobre um show de um pastor. Show este marcado para o ginásio de esportes Moringão. Achei irônico. Poderiam falar apenas ginásio Moringão, pra preferiram usar o termo ginásio de esportes para um evento que não tem qualquer relação com o esporte.

Na última sexta-feira (18), foi a vez de uma das maiores banda do pop/rock nacional. Os integrantes do Skank se apresentaram para os londrinenses. Nos meses anteriores, o público da região teve a oportunidade de conferir a banda Ira, Humberto Gessinger, Paralamas do Sucesso, Roberto Carlos… além disso, concorrem fortemente com os shows musicais, as cerimônias de colação de grau dos cursos de graduação das universidades londrinenses. Mas e o ginásio de ESPORTES?

O ginásio para os esportistas tem ficado cada vez mais prejudicado com a realização destes eventos. Os responsáveis pelas equipes de basquete, futsal, e handebol, por exemplo, perdem parte do importante tempo disponibilizado aos treinamentos para que possam limpar “uma coisinha ou outra” deixada pelos locatários do Moringão no piso da quadra. Isso quando o local está disponível.

Nos dias de montagens e desmontagens, além dos períodos em que próprios eventos não esportivos são realizados, os atletas precisam treinar em locais alternativos. Ginásios particulares, sem estrutura totalmente adequada de iluminação e piso, são frequentemente usados para resolver situações às pressas.

Por outro lado, levantar a simples ideologia de que a casa do esporte londrinense deve ser usada exclusivamente para treinos e jogos das equipes daqui é utopia. A Fundação de Esportes de Londrina (FEL) tem um dos menores percentuais de investimento do município, se levamos em conta todas as secretarias, autarquias, fundações e similares. O valor é inferior a R$ 10 milhões por ano.

Para “fazer acontecer” no esporte londrinense, é preciso buscar alternativas de arrecadação, como parcerias com os governos federal e estadual, iniciativa privada e também aluguel de espaços públicos, como o ginásio de esportes Moringão.Cada vez mais multiuso do que esportivo, a tendência do Moringão é permanecer por um bom tempo como palco de futuros shows e jogos.

A solução para agradar 100% dos usuários do espaço está longe de existir. De qualquer maneira, é preciso carregar esta provocação, no bom sentido. Se o entretenimento cultural é essencial, o esporte forma cidadãos, dá exemplo de postura e conduta ética, estimula a promoção da saúde e dá retorno ao empresário. É preciso pensar (e reinventar) o esporte londrinense.