“O Grêmio tem mais Libertadores da América que o Inter. O Colorado venceu mais clássicos Gre-Nais. Na última temporada, o Grêmio foi melhor nos clássicos. O Inter foi campeão do Mundial de Clubes da Fifa em cima do Barcelona. O Grêmio tem mais títulos nacionais...” Quando torcedores do Grêmio e Internacional se encontram no mesmo ambiente, a ‘resenha’ entre eles é mais ou menos essa: cada um tenta ‘puxar a brasa para o seu assado’ e defende as virtudes de suas respectivas equipes. É bem verdade que nem colorados nem gremistas dão o braço a torcer. Aliás, além de ser torcedores da própria equipe também são torcedores do time adversário de seus rivais.
Essa conversa entre colorados e gremistas de qual time é melhor e maior é perfeitamente aceitável num ambiente esportivo. Mas em tempos de pandemia, essa ‘resenha’ toda ocorreu num ambiente bem diferente: o Hemocentro de Cascavel. A rivalidade entre gremistas e colorados é sempre mais intensa. Só que desta vez, as duas torcidas se uniram por uma causa nobre: um Gre-Nal Solidário promoveu a doação de sangue entre torcedores dos dois times, uma iniciativa que tem o valor de um ‘gol de placa’. A ação ocorreu na tarde desta sexta-feira (19).
Os 25 torcedores são da cidade de Marechal Cândido Rondon e fazem parte da Associação Sangue Bom, um projeto que foi criado pelo Lions Clube daquele município. Wilmar Alberto Guttges é o presidente da associação. O colorado reuniu o grupo de torcedores e os trouxe até o hemocentro para que pudessem fazer as doações de sangue. “Foi bem mais fácil do que nós esperávamos. Essa associação dos doadores de sangue é mantida pelo Lions Clube de Marechal Cândido Rondon, com apoio da prefeitura. A ideia surgiu de um companheiro que propôs que fizéssemos isso em prol de uma garotinha de seis anos que tem uma necessidade semanal de reposição de sangue. Essa doação se faz necessária porque tivemos uma queda muito grande nos estoques de sangue”, explicou.
Wilmar preferiu não contabilizar as doações, se foram em maior número de colorados ou gremistas. Mas revelou que havia um torcedor ‘infiltrado’ no Gre-Nal Solidário. Logicamente para ampliar o número de doações. Afinal de contas, no placar final entre Grêmio e Internacional a vitória é da solidariedade.
Escassez
A assistente social do Hemocentro de Cascavel, Eliane Avancini, comemorou a iniciativa da Associação Sangue Bom em promover o Gre-Nal Solidário. Ela, inclusive deu a dica: outras torcidas rivais podem unir forças para alavancar ações como esta. “Essa é uma iniciativa inédita no Hemocentro, que partiu da Associação Sangue Bom de Marechal Cândido Rondon e foi algo muito bonito. Até criamos um slogam: ‘troque a rivalidade pela solidariedade’. E queremos que não sejam apenas torcedores de Grêmio e Internacional. Queremos que outras torcidas também venham fazer as suas doações de sangue especialmente neste momento de pandemia. É o momento das torcidas se unirem e trocarem a rivalidade pela solidariedade”, disse.
A frequência de doadores no período de pandemia. Segundo Avancini, o Hemocentro necessita de 80 bolsas de sangue por dia para atender a demanda dos 22 hospitais. No entanto, hoje, esse número é de 50 a 60 bolsas. Obviamente, o estoque de sangue está mais baixo. Ela acrescenta que a carência é para todos os tipos sanguíneos. “Neste momento, nós precisamos de todas as tipagens sanguíneas. As vezes a gente faz um apelo para os Rhs negativos, que são sangues mais raros, para que façam a doação. Mas agora temos a necessidade de todos os tipos sanguíneos”, completou.
Quem tem o interesse em fazer a doação individual pode fazer o agendamento pelo site www.saude.pr.gov.br/doacao. O Hemocentro de Cascavel está localizado em anexo ao Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP).