Já escrevi, logo após a classificação do Futebol Clube Cascavel (FCC) diante do Operário de Ponta Grossa, que o destino da equipe de Rodrigo Cabral passa pela marca do pênalti nesta edição da Taça FPF. Afinal de contas, boa parte das vitórias na primeira fase foram construídas com gols oriundos de cobranças de pênalti. O Rio Branco de Paranaguá, adversário da Serpente Aurinegra nas semifinais do torneio, demonstrou irritação com o número de penalidades sofridas pelo FCC. Mas isto não vem ao caso agora.
O fato é que a equipe cascavelense conseguiu duas classificações heroicas em decisões por pênaltis nas quartas de final e nas semifinais, contra Operário e Rio Branco. Foram as defesas salvadoras do goleiro Lucas que colocaram o FCC na decisão da Taça FPF e fizeram com que o time tivesse condições de duelar por uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro já em 2018.
Lucas defendeu o chute de Alef Manda, mas na sequência do lance, o Maringá fez o segundo gol. Fotos Luciano Neves
Lucas, inclusive, pode aumentar a sua conta no número de pênaltis defendidos na competição. No jogo deste domingo (29), no Estádio Olímpico, ele contabilizava mais um triunfo em uma cobrança de Alef Manga. Mesmo assim, o Maringá conseguiu aproveitar o rebote e balançar as redes. Aliás, só para registro, uma penalidade bastante questionada. Me parece que só o árbitro da partida, Fábio Filipus, viu o toque de mão do zagueiro Murilo dentro da área. Sobre este pênalti, vamos falar mais adiante.
O que quero dizer é que o FCC pode tirar proveito desse histórico de decisões por pênaltis no jogo de volta, no próximo domingo (05), em Maringá. Isso porque o adversário da final não passou por tal sufoco neste torneio. O empate em 2 a 2 até poderia ser considerado um mau resultado para o FCC, já que fez a primeira partida em casa. Mas pelas circunstâncias do jogo, tem motivos para comemorar esse empate. A primeira delas é que Rodrigo Cabral foi forçado a fazer três alterações por lesão. No duelo contra o Maringá, o FCC teve que se desfazer de três titulares incontestáveis. O time, que já entrou em campo com ausências importantes por lesão, pode estar ainda mais desfigurado para a partida de volta, aquela que tem tudo para ser a mais importante da história do clube, pois vale uma vaga na Série D.
O FCC esteve duas vezes atrás do marcador e buscou o empate. O Maringá marcou o seu gol cedo, aos 14 minutos da etapa inicial, com Danilo. Mas o empate da Serpente Aurinegra também veio cedo, com Kiko, depois de uma jogada envolvente pelo lado direito. A essa altura, Rodrigo Cabral já tinha perdido o artilheiro Rodrigo Gasperin por lesão.
Mas aos 33 minutos veio o lance duvidoso, o possível toque na mão de Murilo, que gerou a penalidade. Alef foi para a cobrança e sucumbiu diante da ‘muralha’ Lucas. Porém, Everton aproveitou a sobra e fez 2 a 1. Parecia que o ‘feitiço estava se voltando contra o feiticeiro’. O FCC, que triunfou tantas vezes na marca do pênalti, se tornara vítima deste lance. E pênalti é algo tão importante que deveria ser batido pelo presidente do clube, como diria Neném Prancha.
André foi um dos atletas que deixou o jogo lesionado
O gol sofrido causou um estrago no time dentro de campo. Foi notável o abatimento. Com a saída de André, também por lesão no segundo tempo, o FCC ficou ainda mais limitado no ataque. Só conseguiu arrematar para o gol aos 27 minutos com o zagueiro Murilo, que chutou por cima. A derrota por 2 a 1 deixaria a Serpente Aurinegra em situação complicada para o jogo de volta. Porém, aos 33 minutos, ocorreu o lance que deu novo vigor para o FCC. Depois de uma cobrança de falta de Elivelton, Diogo, do Maringá, desviou de cabeça para a própria meta e fez contra: 2 a 2. O gol de empate foi uma forma de expiação pelo castigo do gol sofrido naquele lance duvidoso que causou a revolta da torcida.
Depois do empate, a Serpente Aurinegra até construiu chances de virar a partida. O empate em 2 a 2 ficou de bom tamanho pela maneira que ocorreu e foi até comemorado pelo time de Rodrigo Cabral.
A Fúria Aurinegra vai acompanhar o time no jogo de volta em Maringá
É claro que na somatória dos dois jogos, no confronto de 180 minutos, não se trata de um bom resultado. O FCC não conta mais com o apoio da torcida. Não joga mais em casa nesta Taça FPF. É hora de Rodrigo Cabral explorar o que o time tem de melhor, que é a velocidade, e tirar proveito deste empate. A possibilidade de decidir o título numa decisão por pênaltis amedronta o Maringá. Ainda mais com um pegador de pênaltis inspirado em Diego Alves no gol do FCC. A decisão por pênaltis pode ocorrer em caso de novo empate em Maringá. Logicamente, por jogar em casa, o time da Cidade-Canção que busca o bicampeonato da Taça FPF terá que sair para o jogo, se lançar ao ataque. É aí que a Serpente Aurinegra vai ter que usar a sua frieza de alguém que passou por duas decisões por pênaltis para ‘dar o bote’ e abusar do contra-ataque.
O empate deixou a decisão em aberto e o resultado foi até melhor para o Maringá. Mas a vantagem psicológica do 2 a 2 é do Futebol Clube Cascavel. Se for para ser campeão da Taça FPF, que seja nos pênaltis.
FICHA TÉCNICA
FC CASCAVEL 2 X 2 MARINGÁ
Estádio Olímpico Regional – 29 de outubro de 2017
FC Cascavel
Lucas; Rodrigo Gasperin (Vagner), Andrade, Murilo e Elivelton; Tubarão, (Pedro Júnior), Índio e Oberdan; André (Bitelo), Kiko e Hyago Medeiros
Técnico: Rodrigo Cabral
Maringá
Júnior; Danilo, Gilberto, Pedrão e Prego (Jardiel), Canário, Diogo, Everton (Júnior Alves) e Lucão; Alef Manga (Ítalo) e Dandan
Técnico: Fernando Marchiori
Gols: FCC: Kiko, aos 21 min do 1º t, e Danilo (contra), aos 34 min do 2º t. Maringá: Danilo, aos 14 min do 1º t e Everton aos 34 min do 1º t
Cartões amarelos: FCC: Índio e Andrade. Maringá: Prego e Gilberto
Árbitro: Fábio Filipus