Esportes

O fim da Era Nei Victor

14 nov 2018 às 13:53

O que era uma suspeita se consumou. Nei Victor não é mais técnico do Cascavel Futsal depois de 22 anos no comando da equipe. A decisão foi tomada pela diretoria da ADECCA (Associação Desportiva e Cultural de Cascavel) numa reunião realizada nesta segunda-feira (13). Pelo que sei, a decisão pela saída do treinador foi unânime. E foi com uma frase emblemática que foi dita numa entrevista para o Tarobá Esporte, que Nei Victor falou de sua nova condição: “Eu preciso mostrar que estou no mercado!”

Nada. Nenhuma crítica, nenhuma queixa, nenhuma derrota mais recente vai apagar a história que Nei Victor construiu à frente do Cascavel Futsal. Ele ainda é um dos treinadores que mais vezes comemorou o título de campeão paranaense. E é o técnico que conseguiu o maior número de conquistas com a mesma equipe. Ele transformou o Cascavel Futsal em pentacampeão estadual e chegou em nove decisões do Paranaense da Chave Ouro. No escritório dele, Nei Victor exibe uma coleção de fotografias com todos os elencos da Serpente Tricolor que montou ao longo dos anos. Talvez, pela competência que tem, ele até possa construir uma história tão vitoriosa em outro clube. E, logicamente, não vai abalar o meu respeito pela figura de Nei Victor. Desejo sorte e sucesso ao caminho que ele tomará pela frente.

Sempre fiz uma brincadeira sadia com o professor Nei Victor. Em conversas informais, eu sempre o chamava de “Sir Alex Ferguson” do futsal, fazendo uma alusão ao treinador escocês que dirigiu o inglês Manchester United por mais de 25 anos. Era mais uma forma carinhosa que eu usava para expressar o meu respeito. Mas o nem o respeitável Ferguson foi perpétuo na função. Da mesma forma que Nei Victor não foi e a trajetória de 22 anos à frente do Cascavel Futsal chegou ao fim.

Em outra conversa informal, há uns quatro meses, o próprio Nei Victor me confidenciou que deixaria o time ao final desta temporada. Já ouvi declarações semelhantes em outros momentos conturbados do Cascavel Futsal. Mas desta vez, ele me pareceu ser sincero, verdadeiro... Penso que a meta de Nei Victor era fazer uma despedida honrosa, assim como Ferguson, com mais um título estadual. Sair de cabeça erguida com a missão cumprida. É evidente que se o pedido de saída tivesse partido do próprio Nei Victor a situação teria sido um pouco menos traumática.

Mas a profissão de treinador no Brasil é volátil. Temos inúmeros exemplos de ídolos que construíram uma história vitoriosa nos clubes em que defenderam como atletas e vivenciaram a dor de um trabalho que não foi bem sucedido como treinador. Digo isso porque a idolatria construída no passado é ofuscada pelos momentos de turbulência. Ser técnico no Brasil requer resultado imediato.  Só posso desejar sorte ao treinador. Que o histórico vitorioso que ele construiu no Cascavel Futsal faça a diferença. Que ele esteja na ativa o mais rápido que puder. O futsal paranaense precisa dele.

E que a decisão da diretoria do Cascavel Futsal tenha sido acertada pelo bem do clube. Tudo indica que os rumores da vinda de Cassiano Klein para Cascavel vão se concretizar. Não o conheço pessoalmente, mas espero que tenha competência para reconduzir o Cascavel Futsal ao caminho dos títulos.