Antes da Copa da Rússia, em 2018, lamentei muito o fato da Itália não ter conseguido a vaga e ter ficado de fora do torneio. Pelo que representa para o futebol do planeta, uma Itália, tetracampeã mundial, não deveria ficar de fora... As outras seleções gigantes como o pentacampeão Brasil, a tetracampeã Alemanha, os bicampeões Uruguai, Argentina e França, além de Espanha e Inglaterra, que conquistaram o Mundial uma vez, sempre devem estar na disputa. Espero que todos os campeões se classifiquem para a Copa do Catar, em 2022.
E seria épico se daqui a dois anos, Brasil e Itália se reencontrassem numa decisão, como fizeram em 1994 e em 1970. Aliás, este confronto épico completa 50 anos neste domingo (21). No dia 21 de junho de 1970, o Brasil vencia a Itália por 4 a 1 e se tornava a primeira seleção a conquistar três títulos mundiais.
Mesmo que voltem a se encontrar num jogo de envergadura semelhante, dificilmente aquele espetáculo irá se repetir. A atuação do time canarinho, dirigido por Zagallo, foi perfeita. Magistral! Épica! Sobrenatural! Divina! De outro mundo, como se referiu o jornal italiano Stampa Sera após a decisão de 70. “A Itália encarou pelo menos quatro monstros de outro planeta”, sobre Pelé, Gérson, Rivellino e Jairzinho.
Como chegaram
O confronto entre Brasil e Itália é um jogo gigante. Dos cinco encontros entre eles nos Mundiais, dois ocorreram justamente em decisões. Para nossa alegria, nestas duas situações a festa foi brasileira com direito à taça. O clássico mais marcante para os italianos ocorreu em 1982, quando a Seleção Brasileira, que deveria ser campeã pelo futebol que apresentava na época, foi superada por um tal Paolo Rossi por 3 a 2. Aquele resultado impulsionou a Itália para o tri e causou a queda do time de Telê Santana. Mas esta é outra história.
Em 70, os dois times se encontraram pela segunda vez no Mundial. Antes disso, Brasil e Itália jogaram nas semifinais da Copa de 1938, na França. A vitória italiana por 2 a 1 nas semifinais conduziu a Azzurra ao bi.
No México, o time brasileiro dirigido por Zagallo era mais talentoso. Mas nem por isso poderia ser apontado como favorito na decisão. Do outro lado estava a gigante Itália. A primeira fase dos italianos foi ‘de altos e baixos’ com uma vitória sobre a Suécia e dois empates sem gols com Uruguai e o modesto Israel.
O time italiano ganhou corpo depois de ter atropelado o anfitrião México nas quartas de final. E ter levado a melhor no duelo épico contra a Alemanha nas semifinais por 4 a 3.
O Brasil chegou na decisão com uma campanha mais encorpada com cinco vitórias em cinco jogos, sendo que duas delas foram sobre seleções campeãs mundiais: Inglaterra na primeira fase e Uruguai nas semifinais.
A final
Na decisão, o Brasil foi soberano do início ao fim. Teve a torcida mexicana ao lado no Estádio Azteca. Essa torcida vibrou quando viu Pelé, o camisa 10, subir mais alto que a defesa, após levantamento na área de Rivellino, o camisa 11. Foi o quarto gol de Pelé naquele Mundial e o 12º na história das Copas. Do meio para a frente, o Brasil era uma ‘máquina de jogar futebol’. Mas a defesa deixava a desejar. Foi numa falha defensiva que o goleiro Félix viu Boninsegna, o camisa 20 da Itália, empatar o jogo.
No segundo tempo, Gérson, o camisa 8, arriscou de fora da área e recolocou o Brasil na frente. Na decisão, não poderia faltar o gol do artilheiro do Brasil. Jairzinho, o camisa 7, passou pelo goleiro italiano para fazer o terceiro da Seleção Brasileira e o sétimo no Mundial.
A ‘cereja do bolo’ da conquista para o Brasil foi um duro golpe com requintes de crueldade para os italianos. A Seleção trocou passes na frente da defesa italiana. De Jairzinho para Pelé, que só rolou para Carlos Alberto Torres, o camisa 4, soltar uma bomba de primeira e estufar a rede da Azzurra: 4 a 1 sem dó nem piedade. Pelé se tornou tricampeão mundial e até hoje é o único atleta na história das Copas a conseguir esse feito.