Na última sexta-feira, a insatisfação de um torcedor do Londrina começou antes mesmo do empate em casa com o Santa Cruz, no Estádio do Café. Na rampa de acesso às cadeiras e arquibancada, o torcedor se mostrou irritado com o vereador Boca Aberta (PR). A revolta do torcedor ganhou ainda mais força ao ver que o vereador mais votado da história de Londrina, com 11.484 votos, usava uma camiseta falsificada do Londrina Esporte Clube.
A cena descrita acima foi registrada em vídeo, que foi compartilhado em vários grupos e perfis do aplicativo Whats App. Não iremos reproduzir o vídeo neste blog, pois não encontramos o autor do material e não temos autorização para reprodução.
De qualquer forma, achei curioso o fato de um vereador eleito pelo povo usar uma camisa falsificada. A comercialização de produtos falsificados é crime previsto no código penal brasileiro, assim como a receptação de produtos ilegais. Adquirir ou receber produtos “piratas” pode configurar crime. Como a minha curiosidade era saber se o político seria complacente com tal prática antijurídica, iniciei uma conversa com o vereador.
Diante da situação, questionei Boca Aberta pelo mesmo aplicativo o qual o vídeo circulava, o Whats App. O vereador não fugiu das questões e, prontamente, respondeu. Realizei três perguntas.
1) A partir desta situação, você vai deixar de usar camisa “pirata” do Londrina Esporte Clube?
2) Como você analisa a atitude de um político eleito em usar um produto “pirata”?
3) Como você vê a agressão ou insatisfação de torcedores pelo fato de você usar camisa “pirata” do LEC?
Boca Aberta diz que não vai deixar de usar a camisa "pirata" do LEC. Confira o motivo da declaração e também a íntegra da resposta do vereador no áudio abaixo.
Os prejudicados
Procurei também a direção da fornecedora de materiais esportivos do Londrina Esporte Clube, a Karilu. O diretor comercial da empresa, Carlos Eduardo Bovolin, destacou o quanto é difícil combater o comércio de produtos falsificados. Este comércio ilegal, voltado aos produtos do LEC, tem ganhado proporções até internacionais.
- Estamos começando um processo mais forte de combate à falsificação. Existem fábricas em Campo Mourão, Londrina, São Paulo e até Paraguai que fazem produtos do Londrina. Não pode qualquer pessoa querer fabricar e colocar o produto à venda. Nós temos um contrato com o Londrina que nos dá uma certa exclusividade para produção de materiais de jogo, treino e viagens - explica o diretor comercial da Karilu.
Não há um número exato sobre o prejuízo em relação às falsificações de camisas do Tubarão, mas a estimativa é que, por semestre, o mercado tenha a entrada de aproximadamente de mil camisas “piratas”.
- Perde o torcedor, que está comprando uma camisa falsificada, perde o clube, que não ganha royalties, e prejudica o patrocinador do clube, que somos nós, nesta concorrência desleal. Na maioria das vezes, as empresas fabricam isso em fundo de quintal, com origem duvidosa. Não sei se usam mão-de-obra infantil. Colocamos em dúvida a qualidade do material também - destaca o executivo.
O vereador Rony Alves (PTB) foi procurado por nossa equipe na manhã desta segunda-feira e também na tarde desta segunda-feira (25) para se manifestar em relação às declarações do vereador Boca Aberta. Até a publicação deste artigo, não obtivemos resposta do vereador Rony Alves e/ou de qualquer membro do gabinete dele. O espaço continua aberto para atualização.