Uma lata de spray na mão. Um muro para expressar a criatividade e o sentimento. E uma ideia na cabeça. Estes são os ingredientes dos grafiteiros do Coletivo CapStyle Crew, que comemorou 15 anos de atividade em Londrina, neste fim de semana. O evento tem apoio da Secretaria Municipal de Cultura e reuniu adeptos de todas as partes do Brasil. Os organizadores ministraram oficinas de grafite, palestras, rodas de conversas e encerraram com uma intervenção no muro do Cemitério São Pedro, na rua Rio de Janeiro, no sábado e no domingo, no centro da cidade.
Um dos organizadores do evento e fundador do CapStyle Crew é Tadeu Roberto Fernandes Lima Júnior. Nascido em Londrina, ele mais conhecido no mundo do grafite como Carão. O grafiteiro tem 36 anos e já levou seu trabalho para países da Europa, como a França, e já circulou com sua arte pela América Latina em países como Argentina e Colômbia.
O londrinense acredita que o grafite é a expressão artística mais próxima da intervenção urbana. E a porta de entrada dos jovens pobres para o universo das artes visuais. “É a forma de arte mais próxima do jovem da periferia. É o primeiro contato dele com a arte”, afirma Carão que conheceu a arte aos 15 anos depois de participar de uma oficina.
A professora de artes, Hadylle Cristina Moreira, entrou para o mundo do grafite por causa do movimento hip hop. Há 15 anos, ela cantava um um grupo de rap que foi a porta de entrada para o mundo das artes visuais. Ela acredita que o grafite é uma expressão política e que pode ajudar na reinserção de jovens com problemas de drogas e criminalidade na sociedade.
“Ele tem poder de acolhimento, linguagem. Tem poder de resgate. Conheço muitas pessoas que saíram de oportunidades ruins para estarem inseridos no mundo das artes”, analisa a professora.