O fotógrafo e artista luso-brasileiro Fernando Lemos morreu, aos 93 anos, na tarde desta terça-feira, 17, no Hospital São Luís, em decorrência de uma infecção renal contraída no final de novembro. Ele teve seu acervo pessoal de 2 mil itens (entre fotos, gravuras, desenhos) recentemente adquirido pelo Instituto Moreira Salles. Uma exposição sua, inaugurada em outubro no Sesc Bom Retiro, em São Paulo, segue aberta até 26 de janeiro.
Radicado no Brasil desde 1952, Fernando Lemos começou sua carreira de fotógrafo produzindo retratos e imagens surrealistas. Da terceira geração de modernistas portugueses, o artista foi recentemente homenageado em seu país de origem com uma exposição de sua produção gráfica, que reuniu 230 obras no Museu do Design e da Moda, em Lisboa, revelando ao público uma faceta sua pouco conhecida.
Quando começou sua carreira, nos anos 1950, em plena era salazarista, Lemos foi "à procura dos malditos", autores cerceados pela censura do ditador. Grandes nomes da literatura portuguesa desfilaram diante de sua câmera, entre eles Sophia Breyner Andersen, além de pintores como Vieira da Silva e seu marido Arpad Szenes. Parte dessa sua produção foi vista nos anos 1990 numa retrospectiva organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, de Lisboa. Imagens icônicas da época em que começou estão na mostra do Sesc Bom Retiro, que tem curadoria da também fotógrafa Rosely Nakagawa. São 86 obras em exibição, entre fotos, desenhos e pinturas, abrangendo a produção recente de Fernando Lemos.