Um ano e meio depois de chegar à Alemanha, Nujeen retoma a vida interrompida pela guerra e fala de seus sonhos.
De tudo o que viu e viveu, o que foi mais triste?
A sensação de não se sentir bem-vindo, especialmente na fronteira da Hungria. Foi muito triste ver aquelas pessoas tentando abri-la e ver que os governos não consideraram tudo o que já tínhamos passado. As pessoas só estão pensando na diferença, e não no que temos em comum. Sem contar as tristes histórias que ouvimos na viagem sobre pessoas se afogando e morrendo. É de cortar o coração.
Durante a travessia, pensou que poderia morrer?
Tentei ignorar esse fato ou imaginar minha alma flutuando, mas se eu não queria morrer é porque eu queria ver meus pais de novo. Sabíamos que nossa travessia estava nas mãos de Deus e estávamos OK com o que pudesse acontecer. Nosso destino já estava escrito.
Do que você sente mais falta?
De casa. Às vezes sinto como se eu não pertencesse a este lugar, questiono o que estou fazendo aqui. Às vezes só quero ir para casa, abraçar todo mundo. Voltar para aquele lugar seguro, para aquelas pessoas que me dão segurança. Mas isso não é mais possível. Essa sensação aperta à noite. Mas aí acordo renovada para um novo dia. Isso se chama vida. Temos que encarar os desafios, e temos que ser duros como a vida é.
Qual é o seu sonho?
Sempre tive curiosidade pela essência das coisas e os mistérios da ciência. Quero ser útil, influente, deixar minha digital no mundo. Eu gostaria de estudar física, mas meu plano b é ser escritora.
O que a faz feliz hoje?
Acordar, ir para a escola, voltar para casa, ajudar as pessoas com a língua.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.