Música

Gilberto Gil retorna com novo disco e programa de entrevistas

14 ago 2018 às 09:26

No programa de estreia de “Amigos, Sons e Palavras”, que vai ao ar na próxima terça-feira (21/8), às 21h30, no Canal Brasil, Gilberto Gil convida o amigo Caetano Veloso a uma reflexão sobre a finitude da vida. “Quem não morre envelhece”, afirma Gil.

A afirmação faz sentido para o cantor. “É uma frase simples, mas sábia, que denota a necessidade que nós todos, seres humanos, temos de estabelecer um diálogo profundo entre a finitude e a plenitude do viver. Como viver antes de morrer?”, indaga.

Depois de dois anos de idas e vindas ao hospital para o tratamento de uma insuficiência renal, ele quer mesmo é viver. Aos 76 anos, Gil acaba de lançar o disco “OK OK OK” e estreia na apresentação de seu primeiro programa de TV.

“[Os projetos] representam o reconhecimento de uma dimensão da minha existência na vida cultural brasileira. Tudo isso é uma reiteração de vitalidade, da capacidade de ainda fazer coisas com gosto e disposição”, considera.

No Canal Brasil, o artista vai comandar, em 11 episódios, conversas com amigos como o médico Drauzio Varella, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ator Lázaro Ramos.
Cada episódio é ilustrado por uma música do vasto repertório de Gil. A conversa com Caetano, por exemplo, é marcada pela faixa-título do novo álbum, que versa sobre a cobrança da sociedade para que a dupla manifeste opinião sobre tudo.

“A música reitera essa questão de que temos sido demandados a opinar sobre muita coisa há muito tempo e fala das novas formas como se posicionam estratos da sociedade brasileira em relação a esse significado da nossa presença”, revela.

Reprodução/Facebook

Segundo o cantor, a emergência das redes sociais, nos últimos anos, tem dado voz a grupos críticos ao ativismo de sua geração na resistência à ditadura militar. Ele conta que, quando começou a ser atacado, Chico Buarque nem sabia que “era assim tão odiado”.

“Tudo isso é uma novidade proporcionada pelas novas formas de empoderamento individual que a internet traz, onde todo mundo é uma rádio, uma televisão, um palanque, um microfone aberto para um discurso”, observa.

Ícone da Tropicália, que balançou as vanguardas culturais da década de 1960, Gil conta que também é alvo dos “haters”. “Eu sou muito amaldiçoado nas redes. Quando eu estava hospitalizado, me mataram duas vezes. Recebi um e-mail em que diziam: ‘Já foi tarde’”, revela.

Não que a morte seja um tema que tire seu sono. “Se vale a pena viver, então morrer vale a pena”, ensina.

O novo álbum de Gilberto Gil

Sem apresentar disco de inéditas desde 2010 e com a data de lançamento de seu novo trabalho chegando, Gilberto Gil recebeu um ultimato da família para batizar o álbum: “Ah, vai ‘OK OK OK’ então”, afirmou ele.

A faixa-título, que abre a sequência, é mesmo um bom retrato da essência do que se ouvirá dali para frente. Impulsionada pela melodia tranquila do violão, a canção reflete sobre a contraposição entre as necessidades criativas do artista e as demandas da mídia a sua figura pública.

Acima de tudo, o álbum é um ode à vida. No tempo em que permaneceu em leitos de hospitais, o cantor baiano contemplou a morte, mas é o amor ao ato de viver que dá a tônica de “OK OK OK”.

No samba “Sereno”, o nascimento do neto é motivo de felicidade. Em “Sol de Maria”, a estrela é a bisneta.

Com produção do filho Bem Gil, o disco faz uma sucessão de homenagens a muitas pessoas, como a atriz Maria Ribeiro e os médicos Roberto Kalil e Roberta Saretta, do hospital Sírio-Libanês, onde o cantor se tratou, em São Paulo.

Nas 15 faixas, Gil exibe versatilidade criativa, mas o tema que paira sobre toda as composições é único e evidente: a vontade de viver.

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