No início dos anos 2000, Pitty surgiu como uma força, um milagre. A história da música brasileira é marcada por uma propulsão de grandes cantoras, algumas compositoras. Mas roqueiras? Podemos contar nos dedos. Até então tínhamos Rita Lee como uma das poucas - e principais - referências quando se pensava em nomes de roqueiras brasileiras. Pitty despontou sem a pretensão de desbancar ninguém, só com a vontade de fazer seu próprio rock. E com tudo o que a cartilha do gênero prega: letra, música e atitude. Tatuagens, voz poderosa e presença de palco preenchiam outros requisitos fundamentais.
A moça de sotaque baiano, que cresceu influenciada pelas mais variadas escolas do rock, mostrou que seu estado não era feito apenas de axé. E depois de lutar para mostrar seu valor como roqueira num cenário dominado por homens - obviamente, não o único -, Pitty estreou com um disco arrebatador, Admirável Chip Novo, em 2003, de onde saíram hits como Equalize e Admirável Chip Novo. Sucesso de vendas. E a audiência da boa e velha MTV Brasil se "enamorou" por ela: seus clipes estavam sempre entre os mais pedidos e sua presença nos estúdios do canal era recorrente.
Pitty passou pela prova de fogo do primeiro disco. E também do segundo, com o ótimo (e pesado) Anacrônico, que reuniu outras músicas emblemáticas da roqueira, como Memórias e Na Sua Estante. Ela manteve uma trajetória coerente, com canções sempre em evidência, mas também flertando com projetos especiais, como o duo folk Agridoce, com o guitarrista Martin Mendonça, que rendeu um belo disco, homônimo, em 2011. No ano passado, lançou com Elza Soares a canção Na Pele, em dueto potente. Em paralelo, o discurso feminista de Pitty foi se sofisticando, fortalecendo. E Pitty segue em frente, com o rock sempre aquecendo sua alma - e a de outras roqueiras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.