Aos poucos, o projeto Gig Nova desenha um cenário com músicos e artistas jovens que não fazem parte de nichos mais privilegiados por espaços de mídia ou patrocínios de empresas. Até agora, em suas três edições de 2017, o jornal já escolheu para as noites mais de 50 instrumentistas. Guitarristas, pianistas, baixistas, violonistas, bateristas, percussionistas, violinistas, instrumentistas de sopro, acordeonistas. Eles foram reunidos em gigs inéditas, ganharam matérias veiculadas pelo jornal "O Estado de S. Paulo" e se apresentaram em noites que se tornaram uma espécie de celebração à música instrumental na casa Tupi or not Tupi, na Vila Madalena.
A edição desta quinta-feira, 22, a primeira deste 2018, será diferente. As vozes entram em ação com apresentações de Irene Atienza, Cibele Codonho, Patricia Bastos, Vanessa Moreno e Marcelo Pretto. Eles estarão reunidos aos grupos Sambaranda, Barbatuques e Seis Canta. A noite começa às 21h, com quatro gigs que levam uma média de 40 minutos cada uma.
Há uma nova linguagem em construção, algo que pode ficar claro em várias das apresentações de 2017. Os jovens chegam com vontade de se comunicar com um público abrangente, mas sem abrir mão da profundidade. Alguns expoentes da música instrumental dos anos 80 e 90 podem de fato ter fechado muito seus raios de atuação a plateias iniciadas. Outra natureza em mutação tem a ver com a atitude dos artistas. Como em outras áreas, esses jovens têm hoje um maior controle não apenas da música que fazem, mas de toda a cadeia de produção e pós-produção musical. São, ao mesmo tempo, músicos, produtores, assessores de imprensa, divulgadores.
O disco físico ainda é uma necessidade de represamento de uma coleção de obras criadas sob uma mesma proposta. São os álbuns que ainda garantem estofo, ou não, às carreiras sobretudo iniciantes. Ao mesmo tempo, o organismo desses artistas difere muito daqueles de atuação mais online, como os chamados nomes do rock indie ou mesmo da música brasileira. É com eles que os cantores e instrumentistas autorais precisam aprender a criar uma base de fãs também com estratégias nas redes sociais. Essa mobilização, por menor que seja, pode reforçar aquele público que já os acompanha fisicamente pelo circuito de jazz. Um consenso, no entanto, é reafirmado a cada edição do Gig Nova. Poucas vezes houve uma renovação tão vibrante, de nomes tão talentosos, como esta que passa a ocupar os palcos do País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.