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Brasileiro é o povo mais ansioso do mundo, diz OMS. Veja como controlar

05 jun 2019 às 11:17

 Responda com sinceridade para você mesmo (a): quantas vezes a ansiedade já lhe impediu de fazer algo ou prejudicou a sua vida? Se você é brasileiro ou brasileira, não está sozinho (a) nessa. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo inteiro e o quinto em casos de depressão. Conforme o levantamento da OMS, 9,3% dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade e a depressão afeta 5,8% da população. 

A psicóloga Ariella de Souza, do Centro de Atenção à Saúde da Unimed Cascavel, traça um perfil dos ansiosos, incluindo gênero, faixa etária, sintomas e tratamento. 


UNIMED CASCAVEL - O mundo está cada vez mais ansioso? 
ARIELLA DE ZOUZA - Eu diria que o mundo está cada vez mais acelerado, por conta de tanta tecnologia. Consequentemente, as pessoas ficam mais ansiosas. A ansiedade é um sintoma dessa aceleração toda. 


UC - Quem é mais ansioso: o homem ou a mulher?

AS - As pesquisas dizem que as mulheres tendem a ser um pouco mais ansiosas. á Há até uma questão hormonal que entra na conta, mas a diferença é pequena. Homens e mulheres são seres ansiosos.


UC - Existe alguma idade específica em que a ansiedade começa a se manifestar?  

AS - Não existe uma idade específica para o início dos sintomas. O que a gente observa é que pais que são ansiosos têm filhos com tendência maior de serem ansiosos, por isso, essas crianças podem apresentar os sintomas mais cedo, a partir dos 6 ou 7 anos de idade. Quando os pais não têm essa característica, ou seja, quando não existe hereditariedade, a ansiedade começa a se manifestar mais na idade adulta, no início da vida profissional. 


UC - Quais são as consequências da ansiedade? 

AS - Dependendo do nível, a ansiedade traz sérios prejuízos à saúde, inclusive à saúde física, não só à saúde mental. A pessoa que tem um sintoma de ansiedade mais grave pode sofrer também de tensão, dores de cabeça, dores musculares, problemas gástricos e digestivos, além das questões emocionais, como falta de concentração, insônia, falta de memória, irritabilidade e vários outros.


UC - A ansiedade pode levar à depressão?

AS - São duas coisas diferentes. Antes do diagnóstico, elas caminhas juntas. Isso não significa que a pessoa ansiosa necessariamente terá depressão. Alguns sintomas são parecidos, a exemplo da perda de memória e de concentração e da instabilidade de humor. Por isso é necessária uma avaliação profissional para diferenciar a depressão e a ansiedade.


UC - Existe alguma maneira de deixar de ser ansioso (a)?

AS - Sim. Ansiedade tem cura, mas também tem controle. Dependendo do nível de ansiedade, a principal orientação é procurar um profissional para fazer a avaliação. Também é preciso lembrar que todos nós temos algum grau de ansiedade. O que deve preocupar é a intensidade e os prejuízos que esse sintoma possa estar trazendo. A partir do momento que você não esteja conseguindo se concentrar no seu trabalho, tenha dificuldade de dormir por ficar pensando o tempo todo no que ainda vai acontecer, se você não consegue comer devido ao excesso de preocupações, significa que a ansiedade está afetando a sua vida. Se for assim, não espere; procure ajuda profissional. 


UC - Quis sãos os tratamentos?
AS - Junto com apsicoterapia, que é a Psicologia quem realiza, também é aconselhável acompanhamento psiquiátrico, dependendo do nível de gravidade da ansiedade. Nesses casos, poderá ser indicado o uso de ansiolíticos, que são medicamentos que ajudam a controlar a ansiedade. Porém, é importante ressaltar que isso só será feito após um acompanhamento detalhado do profissional correto. 


UC - É possível saber quanto tempo dura o tratamento?

AS - Dependendo do nível da ansiedade, o tratamento varia de quatro meses até dois anos, em um grau mais grave. É claro que a pessoa ansiosa nunca vai deixar de prestar atenção aos sintomas que tem, porque esses sintomas não vão desaparecer completamente. Mas a pessoa vai aprender a lidar com aquilo de maneira saudável e positiva. Com a melhora dos sintomas, a pessoa ansiosa que fazia uso de medicação vai deixando aos poucos a necessidade de consumir remédios, mas isso também é feito com acompanhamento profissional.


UC - Ansiedade é algo crônico?

AS - Existe uma grande diferença entre ‘estar ansioso’ e ‘ser ansioso’. Estar ansioso é normal. Ser ansioso precisa de tratamento. 


UC - Quais são os sintomas da ansiedade fora do normal?

AS - O principal sintoma que as pessoas ansiosas relatam é o coração acelerado, a agitação e consequente dificuldade de se concentrar. Mas também há casos em que a pressão arterial sobe e até a visão pode ficar embaçada. 


UC - O que fazer nessas crises de ansiedade? 

AS - A principal orientação é controlar a respiração. Esse é um exercício que a gente pratica muito em consultório. A partir do momento em que a pessoa consegue controlar a respiração, a tendência é de que os batimentos cardíacos comecem a se normalizar, assim como a pressão arterial, o que leva a pessoa a se acalmar. 


UC - Como é a respiração correta nessa hora?

AS - É respirar fundo pelo nariz e soltar bela boca, de vagar. Repita isso umas três ou quatro vezes. Eu costumo dizer que quando um ansioso consegue prestar atenção na própria respiração, esse é o primeiro passo para ele domar a ansiedade. Isso pode ser feito em qualquer lugar: no carro, em frente ao computador, no trabalho, na sala de aula ou onde quer que a pessoa esteja. Não tem contraindicação.


Pega leve e viva de boa. Esse é o plano.