Conheça as tendências para o futuro para a terceira idade.
1- Apesar de muita gente ter uma visão distorcida sobre as instituições de longa permanência, como você avalia este cenário atualmente e no futuro?
As ILPIs são uma realidade atual e no futuro acredito que essa necessidade crescerá progressivamente. Acompanhando a longevidade atingida em nosso país, veio o aumento das doenças crônicas não transmissíveis como hipertensão, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica, acidentes vasculares encefálicos e síndromes demenciais que demandam adaptações e cuidados multidisciplinares, visando estimular e manter a funcionalidade dos idosos. Para conseguir esse cuidado integral e viabilizar o operacional da realização destas terapias, de preferência por profissionais capacitados a lidar com as peculiaridades do envelhecimento, necessitamos do binômio: residências terapêuticas e socialização, o que muitas vezes só será atingido de forma integral dentro de uma ILPI gerontológica.
2- O que os idosos têm buscado nas instituições? O que eles mais gostam?
São vários motivos que podem levar um idoso ou sua família a considerar a possibilidade da mudança de seu domicílio para uma ILPI, desde solidão, depressão, dependência física, déficit sensorial, déficit cognitivo, insuficiência familiar, ou até mesmo necessidade de cuidados de saúde frequentes. A maioria dos idosos chegam apreensivos e desconfiados e com o tempo descobrem novos interesses, amizades e potencialidades, resgatando seu papel social, antes perdido pelo confinamento em seu domicílio. Outros pontos fortes são o convívio intergeracional com filhos e netos de moradores, além de participação em atividades lúdicas, festividades, passeios e terapias multidisciplinares.
3- Com relação aos familiares, você sente que sentem culpa por deixar seu pai, mãe, avô numa instituição ao invés de cuidar em casa?
Culturalmente nos foi passado a visão obsoleta de que ILPI seja sinônimo de asilo, que surgiu atrelado ao conceito de abandono e insuficiência familiar. O modelo atual de uma ILPI gerontológica se baseia no cuidado centrado no indivíduo, onde a autonomia e individualidade são preservadas, além do resgate de toda funcionalidade e socialização possíveis. O não entendimento de que muitas vezes a família não está capacitada a atender todas as necessidades multidimensionais desse idoso, acaba por culminar na sobrecarga do cuidador, uma doença bem descrita e associada com aumento de desfechos cardiovasculares, como infarto e acidente vascular encefálico. Embora entendemos se tratar de um momento delicado, o familiar deve ser acolhido e ter conhecimento dos ganhos obtidos na qualidade de vida após a mudança para ILPI com avaliações mensais. A participação da família na rotina da ILPI e o compartilhamento do cuidado faz com que a culpa seja substituída pela certeza do melhor cuidado através de profissionais capacitados.
4- Você utilizaria uma ILPI se fosse idosa?
Dentro do modelo de cuidado centrado no individuo, numa ILPI gerontológica como o Llar D’Avis, com certeza! O fato de trabalhar e acompanhar a melhora progressiva após a admissão dos idosos e a terapia multidisciplinar na ILPI, não teria dúvidas.
5- Conte um pouco da rotina dos idosos na ILPI que representa
No Llar D’Avis Casa Geriátrica a rotina tenta ao máximo preservar a de um domicílio, porém coletivo. Além das salas de televisão, oratório, dormitório, jardim e deck, temos atividades diárias com fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, que ocorrem de forma individual e em grupo uni e multidisciplinar; avaliação nutricional e odontológica periódica, tarde dançante, passeios terapêuticos mensais; manicure e cabelereira; festividades culturais, além de missas e visitas familiares livres. Aqueles idosos que desejam fazem ainda jardinagem e saem para cinema e passeios quando independentes.
6- As pessoas de uma ILPI podem ter doenças incuráveis e avançadas, é importante o acompanhamento com geriatria e cuidados paliativos? Justifique:
A visão do geriatra e do paliativista faz toda a diferença dentro da condução do plano terapêutico de cada idoso morador de ILPI. Através do conhecimento de valores, preferências, comorbidades, prognóstico e evolução é possível fornecer um cuidado holístico e multidimensional, com controle de sintomas físicos e espirituais, visando minimizar sofrimentos e internamentos, além do uso de medicamentos fúteis e medidas invasivas desproporcionais. Assim conseguimos uma morte digna e através de uma diretiva antecipada o respeito as decisões tomadas.
7- Deixe uma mensagem para as pessoas que ainda tem muita dúvida sobre as Instituições de Longa Permanência:
Quando passar pela necessidade de colocar um ente querido numa ILPI, se dispa do preconceito e estigma, e pense em quando estiver necessitando de cuidado multidisciplinar. Onde preferiria estar? Na casa de um filho? Morando em casa com um cuidador não capacitado e sentindo-se só? Internado regularmente num hospital? Ou numa ILPI com outros idosos para fazer novas amizades, trocar experiências, participar de atividades de lazer e terapêuticas? Vendo por este ângulo é bem mais fácil entender que uma ILPI pode e deve ser uma alternativa viável na busca de um envelhecimento ativo com qualidade de vida, mesmo que sejamos portadores de algumas limitações, sejam estas cognitivas ou motoras.