No período de inverno, as aglomerações de pessoas em espaços fechados aumentam a ocorrência de doenças infectocontagiosas, incluindo a conjuntivite, tipo de inflamação que atinge o interior das pálpebras e a membrana que protege a parte branca dos olhos. Existem vários tipos, que podem ser enquadrados em três grandes grupos: infecciosa, alérgica e tóxica.
Conjuntivite infecciosa
Este é o tipo mais comum. Trata-se de conjuntivite contagiosa (pelo ar ou contato com o local). A conjuntivite infecciosa pode atingir um ou os dois olhos e, normalmente, os sintomas são o lacrimejamento, sensação de areia nos olhos, secreção (clara ou amarelada) e hiperemia (olhos vermelhos). A conjuntivite infecciosa pode ser divida em outros tipos:
•Viral: É a forma mais frequente, transmitida pelo adenovírus. É transmitida por meio do contato com secreções oculares e pela tosse ou pelo espirro de alguém já infectado.
•Bacteriana: Não é tão comum quanto a viral. Porém, pode ser mais perigosa. A conjuntivite bacteriana é transmitida por meio do contato pessoal com a bactéria. Portanto, se a pessoa encostar nos olhos ou em algum local contaminado, será infectada.
•Fúngica: É a mais rara. Ocorre quando uma pessoa machuca os olhos com madeira. Por ser muito difícil de tratar, pode causar complicações na visão.
Conjuntivite alérgica
Decorrente de alergia, principalmente por ácaros e pólen. A conjuntivite alérgica não é contagiosa e tem como sintomas os olhos vermelhos e coceira ocular.
•Conjuntivite alérgica sazonal: Geralmente associada à rinite ou asma.
• Ceratoconjuntivite atópica: Associada à dermatite atópica
• Conjuntivite primaveril
• Conjuntivite papilar gigante: Comumente associada ao uso de lentes de contato
*Quem usa lente de contato precisa interromper o uso aos surgirem os sinais de conjuntivite. Se os sintomas não melhorarem nas primeiras 12 a 24 horas, consulte seu médico.
Conjuntivite tóxica
Ocorre quando os olhos entram em contato direto com algum produto químico, a exemplo de produtos de limpeza, shampoos, venenos agrícolas ou inseticida. Esse tipo de conjuntivite também é bastante raro, porém, muito perigoso. Quando não tratado da forma correta, pode trazer complicações para visão.
Sintomas
Os principais sintomas são a vermelhidão nos olhos, a coceira e os olhos lacrimejantes. Mas pode haver outros sinais, como:
•Pálpebras inchadas
• Secreção purulenta (conjuntivite bacteriana)
•Sensação de areia ou de ciscos nos olhos
•Secreção esbranquiçada (conjuntivite viral)
•Fotofobia (dor ao olhar para a luz)
• Visão borrada
•Pálpebras grudadas quando a pessoa acorda
Fatores de risco
O fator de risco mais comum é colocar as mãos sujas e/ou contaminadas nos olhos. Também existem doenças que podem predispor o indivíduo à conjuntivite, como herpes, doenças autoimunes ou virais. A baixa imunidade também pode favorecer no surgimento.
Ao detectar qualquer sintoma de conjuntivite, marque uma consulta com um oftalmologista, alergista ou clínico geral. A conjuntivite pode ser altamente contagiosa, especialmente duas semanas após os sinais e sintomas começarem.
Diagnóstico
A conjuntivite é diagnosticada por meio de exame oftalmológico usando a lâmpada de fenda (fonte de luz de alta intensidade que pode ser focada para brilhar como uma fenda). É usada em conjunto com um microscópio e facilita a observação das estruturas frontais do olho (pálpebra, esclera, conjuntiva, íris, cristalino e córnea). Em alguns casos o diagnóstico pode ser feito também por meio de coleta da secreção para exames.
Tratamento
•Conjuntivite viral: Não há medicamentos específicos. O tratamento foca no alívio dos sintomas.
•Conjuntivite bacteriana: Colírios antibióticos que devem ser prescritos por um médico. Alguns colírios são altamente contraindicados, pois podem provocar complicações e agravar o quadro.
•Conjuntivite alérgica: Evitar o acúmulo de pó em cortinas, carpetes, bichos de pelúcia, etc., varrer a casa com pano úmido (para não levantar a poeira), não coçar os olhos e fazer compressas geladas que aliviam os sintomas. Cuidados especiais com a higiene ajudam a controlar o contágio e a evolução da doença. Independentemente do caso, é fundamental lavar os olhos e fazer compressas com água gelada filtrada e fervida ou com soro fisiológico de farmácia.
Medicamentos
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga à risca as orientações e jamais se automedique. Também é importante não interromper o uso do medicamento sem consultar um médico.
Possíveis complicações
Alguns tipos virais podem levar a pequenas opacidades na córnea, interferindo na visão. Com o tratamento adequado, geralmente o caso pode ser resolvido.
As conjuntivites também podem causar ceratite (tipo de arranhadura na córnea) e úlcera de córnea, principalmente para os usuários de lente de contato. Além disso, pode haver o aparecimento de membrana conjuntival que, se não retirada, forma cicatrizes que dificultam a lubrificação dos olhos.
Além disso, podem surgir pontos brancos na córnea, causando a diminuição da visão. As conjuntivites alérgicas, se não tratadas corretamente, podem causar úlceras de córnea e até ceratocone (condição crônica em que a córnea se curva para fora).
Prevenção
•Não coçar os olhos
• Não compartilhar toalhas do banheiro ou usar toalhas de papel para secar rosto e mãos
• Lavar com frequência o rosto e as mãos
• Trocar diariamente as fronhas dos travesseiros
• Não compartilhar o uso de esponjas, rímel, delineadores ou de qualquer outro produto de beleza
• Não se automedicar.
Prevenção em recém-nascidos
Os olhos dos recém-nascidos são suscetíveis a bactérias que são normais no canal de parto da mãe. Tais bactérias não causam sintomas na mãe, mas, em casos raros, podem fazer com que as crianças desenvolvam uma forma grave de conjuntivite (oftalmia neonatorum), que precisa de tratamento sem demora para preservar a visão do bebê. É por isso que, logo após o nascimento, uma pomada antibiótica é aplicada aos olhos de cada recém-nascido. A pomada ajuda a prevenir a infecção ocular.
Cuidar de você. Esse é o plano.