Experimente chamar o técnico Márcio Coelho de ‘senhor’. Não é que ele não goste. Mas por mais que o gaúcho de Pelotas tenha os cabelos grisalhos com os seus 43 anos, ele prefere o tratamento bem mais comum, sem formalidades: “que é isso? Pode me chamar de você!” Para manter o devido respeito, eu sempre prefiro trata-lo como professor, já que o técnico do Stein Cascavel é um profissional de Educação Física. Aliás, as suas atletas que fazem parte do elenco do time cascavelense chamam ele, carinhosamente, de ‘Mister’. Pode até ser uma alusão ao termo que foi muito usado no esporte nacional depois do sucesso que o português Jorge Jesus teve em sua passagem pelo Flamengo. Mas o Mister usado pelas jogadoras do Stein representa o respeito ao profissional e a intimidade que elas têm como o professor.
A contrapartida de Coelho vem em forma de um caloroso abraço cheio de emoção em suas atletas após cada conquista. A propósito, o abraço tem se repetido com frequência. Em três anos de Stein Cascavel, Márcio Coelho conduziu a equipe a dez títulos. A última conquista ainda está fresquinha. No último fim de semana, o Stein faturou o bicampeonato da Liga Feminina de Futsal (LFF), o quarto título da temporada. E Coelho ainda pode fechar o ano com mais uma taça. Isso porque o Stein é finalista do Campeonato Paranaense da Série Ouro e irá enfrentar o Telêmaco Borba. Este é o mesmo adversário das duas finais anteriores no Estadual. O Stein foi campeão em ambas e agora quer o tricampeonato. Os jogos da final serão nos dias 04 e 09 de dezembro. A primeira partida será fora e, por ter melhor campanha, o Stein fará o jogo de volta em casa.
Márcio Coelho chegou ao Stein no início de 2021. Ele veio com o status de ser o técnico da Seleção Brasileira de futsal feminino na categoria Sub-20 e fazer parte da comissão técnica da Seleção principal. Chegou em um clube que estava dando os primeiros passos. No entanto, de lá para cá, o Stein conquistou dez títulos. No primeiro ano, a equipe venceu o Estadual pela primeira vez e conquistou uma competição nacional, a Copa do Brasil. No ano passado, foram mais quatro títulos e cinco finais. Esse ano, o time cascavelense já acumulou quatro taças. “Me sinto honrado e muito feliz. Olhar para trás e ver que todo esforço, dedicação e comprometimento, estão sendo recompensados. Mas muito além das conquistas que validam o trabalho, o que mais me orgulha é o legado que estamos deixando tanto para o Stein, quanto para a modalidade. Iniciamos esse projeto praticamente sem calendário. Tínhamos somente o paranaense e isso nos dificultava para montar o elenco, pois as atletas procuradas para fazer parte queriam disputar as competições nacionais. Começamos com atletas jovens, outras que eram desacreditadas e com pouco espaço no mercado, mas com uma vontade enorme de ter o seu lugar ao sol. Aos poucos as coisas foram acontecendo, outras atletas mais experientes se juntaram ao projeto, e com muito trabalho de todos, gestão, comissão técnica, staff e atletas, as coisas foram acontecendo e as conquistas começaram a aparecer”, relatou o treinador.
Como consequência das conquistas, o Stein se consolidou como um dos principais times do Brasil. E isso abriu portas para que as jogadoras que defendem o time cascavelense passassem a ganhar oportunidade na Seleção Brasileira de futsal. Esse ano foram várias convocadas para amistosos. Camila, em companhia de Coelho, foi campeã de uma competição oficial com o time canarinho. Na próxima semana, Jaque Nunes e Camilinha também terão a sua chance de representar o Brasil em dois amistosos contra a Colômbia, em Paranaguá. Na visão do Mister, tudo é resultado do trabalho. “Não existe uma receita mágica. Tudo que estamos vivendo e conquistando é fruto de muito trabalho e comprometimento de todos que fazem parte desse projeto lindo”, completou o treinador.