Ramon, um venezuelano de 31 anos, chegou ao Brasil há dois anos com a esposa e a filha, em busca de uma vida melhor. Na Venezuela, apesar de seu extenso currículo, que incluía trabalhos como vendedor, servente de pedreiro, especialista em computação e administrador bancário, os salários não eram suficientes para sustentar sua família. Ele conta que, embora nunca lhe faltasse trabalho, o rendimento não atendia todas as necessidades básicas, como comida, medicamentos e transporte.
Assim que chegou ao Brasil, Ramon não ficou desempregado. Seu último trabalho foi em um frigorífico, mas ele ainda buscava uma posição melhor. Sua oportunidade veio quando conheceu Alessandro, dono de uma marmoraria, na igreja que ambos frequentavam. Alessandro estava à procura de um funcionário de confiança e viu em Ramon a pessoa ideal, mesmo sem experiência na área.
“A gente conversou e, na primeira conversa, já começamos a alinhar essa parte de trabalho. Ele mesmo sem experiência, a gente sempre disposto a treinar, ensinar, preparar a pessoa”, afirmou Alessandro.
Ramon agora faz parte das crescentes estatísticas de estrangeiros no Paraná. Entre 2018 e 2022, o número de trabalhadores de outras nacionalidades com emprego formal no estado quase dobrou, passando de 19.605 para 37.703, um aumento de 92%. Venezuelanos, haitianos e paraguaios lideram essa lista.
Cascavel, cidade escolhida por Ramon, ficou em segundo lugar entre as cidades que mais empregaram estrangeiros no período, com 4.790 imigrantes empregados, ficando atrás apenas de Curitiba. Ramon destaca a qualidade de vida em Cascavel, mencionando a segurança, o transporte público, o acesso a medicamentos e a alimentação.
"É uma cidade muito boa. Ela tem segurança, tem transporte, tem medicamento, tem alimentação, tem comida. Tem muitas coisas que, anos atrás, a Venezuela também tinha, mas nos últimos 15 anos mudou bastante. Graças a Deus, estamos aqui muito bem", disse Ramon.
Em três meses de trabalho juntos, a sintonia entre Ramon e Alessandro é evidente. Alessandro valoriza a história de vida de Ramon e a troca cultural que têm. "Eu acho muito interessante a história dele. Às vezes a gente senta para conversar e ele começa a contar as histórias de como era o país dele e como ele está agora aqui no Brasil. Aqui, a gente vê que podemos ter a oportunidade de ajudar uma pessoa e ele me ajudar também", afirmou Alessandro.
A barreira do idioma foi um desafio, mas com paciência e determinação, Ramon e Alessandro superaram essa dificuldade. "Ele no espanhol, eu no português, e a gente vai se entendendo", diz Alessandro.
Ramon expressa sua gratidão pelas oportunidades que encontrou no Brasil e a ajuda divina que acredita ter recebido. "Graças a Deus, ele sempre estava ali conosco, abrindo portas, dando oportunidades. Estamos muito felizes", concluiu Ramon.