Depois de meses inalterada, finalmente a terra é rasgada pelos discos de uma plantadeira. A máquina que deixa rastros no campo também despeja nele a semente capaz de carregar um país: a semente de soja.

 João Nazari, produtor de Cascavel, e a maioria dos agricultores do estado estavam ansiosos por essa safra. Começaram o plantio assim que o vazio sanitário encerrou. É o período em que não podem existir plantas de soja no campo para evitar doenças. 

Essa pressa tem explicação: as previsões são positivas para essa safra. Só na região oeste, a meta é colher mais de dois milhòes e 76 mil toneladas de grãos, 8% a mais do que no ano passado. E para produzirmos tudo isso, vamos precisar de espaço. Em todo o Paraná, mais de 5 milhões e 450 mil hectares serão ocupados só por soja. Uma área maior que o estado do Rio de Janeiro, que nos coloca em segundo lugar entre os maiores produtores do país.

Mas porque todo expectativa em cima de uma cultura? É que ela vale muito dinheiro. No ano passado, o PIB da agropecuária foi o que mais cresceu: 13%, contra os 0% da indústria por exemplo. E adivinhe: a soja foi a grande responsável por esse aumento.

Uma montanha de dinheiro que vem da exportação. Em 2017, quase 70 milhões de toneladas de grãos saíram pelos nossos portos. Boa parte  vendida para a China. 

E pensar que, algumas décadas atrás, o Brasil engatinhava na produção de soja. O trigo era nossa maior cultura. É que a soja ficou milhares de anos confinada, adivinha onde? Na China, que hoje é justamente a nossa maior compradora. Há 60 anos, a produção de soja do Brasil não chegava a 1% do que produzimos agora. Como chegamos a esse ponto? Através de pesquisas que refletem no trabalho do Jurandir Lamb. O produtor de Sede Alvorada, distrito de Cascavel, conseguiu aumentar a produtividade em 12% ao longo de quatro anos. E é dessa forma, com tecnologia e pesquisa, que no ano passado o Brasil produziu mais de 336 milhões de toneladas de soja. O segundo maior produtor do planeta.  É com essa grandiosidade em mente que os agricultores encaram esse início de safra. Eles carregam a esperança de que a colheita, que vai acontecer só no ano que vem, vai render números tão grandes como os que já vem sendo registrados. E pelo histórico dessa cultura, as chances dos bons resultados são grandes.