Agricultura

Encontro discute inovações tecnológicas na sericicultura

25 jul 2019 às 17:32

O Paraná está se consolidando como maior produtor de fio da seda de qualidade do mundo. Por conta disso, a demanda internacional pelo produto paranaense está aquecida, resultando em mais renda para produtores e pequenos municípios. Esse cenário promissor e as inovações tecnológicas introduzidas no setor foram temas do 36º Encontro Estadual de Sericicultura, realizado nesta quinta-feira (25) no município de Iretama, no Centro do Paraná.

“Mesmo com uma produção pequena no contexto mundial, nós temos mostrado competência na produção de fio de qualidade”, destaca o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, que participou do evento.

Cerca de 1,5 mil pessoas, entre produtores, técnicos, estudantes e representantes de empresas envolvidas com o setor participaram do encontro. “Com essa soma de esforços a chance de sucesso é muito maior”, acrescentou o secretário.

No evento foram apresentados os exemplos das 18 unidades de referência, como são chamadas as propriedades criadoras do bicho-da-seda que apresentam ganhos de produtividade e de produção. De acordo com Ortigara, no Paraná há uma interação forte entre o poder público, por meio da Secretaria da Agricultura, Emater e Iapar, os produtores, a indústria e as universidades estaduais que investem na sericicultura. “O Governo do Estado se coloca na condição de parceiro para ajudar que mais gente se envolva na atividade”, afirmou Ortigara.

EXPANSÃO - O setor está em expansão e o Paraná conta atualmente com 4.060 hectares plantados com amoreiras e cerca de 2 mil produtores responsáveis por uma produção de 2,5 toneladas de casulos verdes. Atualmente, o quilo de casulo verde é vendido pelos produtores por US$ 5,06. Os maiores compradores são os países europeus e asiáticos. No ano passado as exportações renderam US$ 28,08 milhões ao Estado.

No Paraná, a atividade é impulsionada pelo clima favorável ao cultivo da amoreira nas regiões Norte e Noroeste, pela adoção de manejo correto por parte dos produtores, pela fertilidade do solo e pela aplicação de tecnologia. As folhas da planta servem como alimento para os bichos-da-seda.

Além da rentabilidade, a sericicultura é uma atividade sustentável ao meio ambiente, pois denuncia casos de derivas – desvio de agrotóxico para lavouras vizinhas, fora da área que se pretende atingir. “Se o produto é usado em excesso ou sem o cuidado necessário mata as larvas do bicho-da-seda. Trata-se de cultura limpa e que fixa a mão de obra no campo” explica o coordenador de Sericicultura da Emater-PR, Oswaldo da Silva Pádua.

Segundo ele, há propriedades em que a terceira geração assumiu a atividade. Pádua calcula que com dois a três hectares plantados com amoreira é possível obter renda de R$ 5 mil a R$ 6 mil durante 10 meses do ano.

INOVAÇÕES - Segundo a engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral), Gianna Maria Cirio, o que se observa é a entrada de agricultores jovens na atividade devido às inovações tecnológicas que buscam a redução de uso de mão de obra e de esforço físico. Os produtores são orientados a fazer a adubação correta, colocar calcário para correção da fertilidade do solo e a adotar o espaçamento adequado entre as amoreiras, o que possibilita a entrada de trator.

Outra tecnologia introduzida na atividade é a ergonomia. Hoje, as ‘camas’ onde ficam as larvas do bicho-da-seda são elevadas, o que permite o manejo em pé por parte do produtor. Gianna explica que muitas técnicas da avicultura foram adaptadas à sericicultura, como os barracões com cortinas que evitam os ventos frios e protegem os bichos. Isso ajuda a fazer os casulos mais rápido e aumenta a produtividade. O sistema de roldana sobre as ‘camas’ também foi automatizado em muitas propriedades.

AEN