O Paraná é um império da noz-pecã, fruto nativo da América do Norte que chegou ao Brasil lá pelos idos de 1870. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado é o segundo maior produtor do alimento do País, atrás apenas do Rio Grande do Sul. Com 615 hectares de área plantada, as terras paranaenses são responsáveis por 35% da produção nacional, com Valor Bruto de Produção (VBP) de 24,3 milhões.
E a pequena produção do fruto, originário da árvore nogueira-pecã, não para de crescer no Paraná. Em 2016, a produção do Estado foi de 4,2 mil toneladas, o triplo do montante registrado no ano anterior, segundo dados do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), órgão da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento.
Para Renato da Silveira Krieck, técnico agrícola da Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural) e produtor de noz-pecã, a procura pela cultura não para de crescer por causa da facilidade na produção. “É uma alternativa bastante atrativa, em função do manejo simples, para quem tem outra atividade. Além disso, tem durabilidade no pós-colheita”, disse ele.
O plantio pode ser complementar a outras culturas, como arroz, soja, feijão, milho, batata, amendoim e mandioca. Para incentivar a produção no Estado, a Emater tem dado apoio aos pequenos agricultores. “Damos orientações sobre a produção da noz, a exemplo de dicas básicas para o início do plantio, e informações sobre locais de comercialização do fruto e maiores centros consumidores”, afirmou Krieck.
Segundo ele, cada vez mais produtores buscam a entidade para pedir orientações para o início do plantio. “Quase que mensalmente, recebemos telefonemas de pedidos de informações”.
DISTRIBUIÇÃO – No total, oito municípios paranaenses têm produção do fruto: Ventania, Londrina, Missal, Porto Amazonas, Santo Antônio do Sul, Medianeira, Diamante D’Oeste, Matelândia e Uraí. Neles, pouco mais de 100 produtores paranaenses trabalham com a cultura.
Um deles é o produtor Paulo Terabe, 66 anos, de Uraí. Filho de japonês, ele conheceu a fruta por meio de seu pai, que aprendeu a lidar com a nogueira-pecã na década de 50, período em que estudou em uma escola no Japão. Quando veio para o Brasil, seu pai plantou 12 árvores no município, dando início à produção na região.
De lá para cá, Terabe se especializou na produção da noz-pecã e enfrentou alguns percalços. Na década de 80, por exemplo, teve que lidar com a sarna, principal doença que ataca a noz-pecã, causando atrofiamento e a queda dos frutos.
“Hoje, temos uma produção consolidada com 1.500 pés de nogueiras. Uma árvore adulta, com mais de 15 anos, produz 30 quilos do fruto por ano”, disse ele.
A dica de Terabe para quem deseja trabalhar com o fruto é a mesma que a da Emater. “Como leva em média seis anos para que a árvore dê frutos e o produtor possa comercializá-los, é preciso plantar outras coisas. Eu, no início, lidava com cereais”, disse.