Agricultura

Show Pecuário: perspectivas da pecuária de corte são debatidas no evento

26 jul 2019 às 08:03

O terceiro dia do Show Pecuário 2019 foi dedicado à pecuária de corte. Especialistas fizeram diversas palestras aos visitantes do evento, abordando temas como rentabilidade, produtividade, automação, nutrição animal e sobre o status de área livre de febre aftosa. O evento vai até sexta (26), cujo enfoque será piscicultura. 

Paulo Prohmann, diretor da Cooperativa Maria Macia, médico veterinário e produtor rural, iniciou as palestras de quinta. Para ele, o produtor precisa pensar melhor na relação entre rentabilidade e produção de qualidade. “Produzir melhor pode significar não gastar mais. Gastar melhor é o caminho, conseguindo assim ganhar melhor. Um exemplo de valorização são as cooperativas de carne, que reconhecem quem produz carne de mais qualidade pagando mais pela arroba”, falou.

Outro ponto abordado foi com relação à falta de adoção de tecnologia do setor. “Precisamos seguir o exemplo da agricultura. A pecuária precisa avançar a passos largos e buscar os R$ 800 a R$ 1000 por hectare de lucratividade, que são os índices das fazendas top. Para chegar lá, precisamos fazer um trabalho no solo, investir em genética, planejar bem para não ser surpreendido na entressafra e adotar novas tecnologias”.

Na sequência palestrou o Dr. Armindo Barth, engenheiro agrônomo e diretor da SIA. Ele falou sobre os desafios dos pecuaristas após a transformação do Paraná em área livre de febre aftosa sem vacinação. Quando se olha para o gado de corte, nesta nova ótica no mercado, existem os seguintes cenários: de um lado, a perspectiva positiva de poder atingir novos mercados mundiais, que pagam mais. Por outro, o custo de produção do boi gordo deve subir bastante, puxado principalmente pelo preço do bezerro que deve subir consideravelmente no Estado. “O Paraná não é autossuficiente na produção de bezerros. Com o fim da vacinação estes animais não poderão entrar mais no Estado, já que MS e RS ainda fazem a vacinação contra aftosa, resultado, alta no preço dos bezerros. O produtor precisa estar preparado para essas mudanças”, conta o palestrante. Uma das grandes oportunidades do setor, segundo ele, é apostar na pecuária de cria. “Mas isso não significa que é fácil. Precisam ser feitos bons bezerros, lotes uniformes e uma boa estação de monta. Não adianta nada os bezerros nasceram no período que há menos oferta de pasto para a mãe”, contou.

Armindo também disse que o produtor precisa otimizar o uso de sua propriedade, não deixando nada ocioso. “A terra é muito cara para não ser utilizada de maneira intensiva. O produtor precisa planejar tudo minuciosamente, tendo um olhar de drone sobre sua fazenda.

O palestrante realçou a importante da pastagem e de como colhê-la de maneira adequada (gado comer). Uma das técnicas mais modernas apresentadas é o pastoreio rotatínuo, desenvolvido pensando no comportamento bovino. “Resumidamente, ela almeja que a partir do momento que o animal baixa a cabeça, ele coma mais em menos tempo.”Armindo também

Quintino Neto, da Embrapa Gado de Corte, fez uma palestra sobre automação na pecuária. A pecuária de precisão chega ao setor agrícola com o objetivo de aumenta a produtividade e evitar práticas inflexíveis.

Tecnologias como o chip de identificação umbilical, o teclado do peão, a balança de passagem - Balpass, o mangueiro digital, o chip umbilical com termômetro e o colar com GPS para identificar a trajetória dos animais na pastagem foram algumas ferramentas apresentadas.Ele também apresentou a quarta geração de chip, que passam a informação diretamente pelo satélite. “Ele fornece uma série de informações, como por exemplo os animais que ganham menos peso ou que são dominadores, impedindo os outros de comerem nos confinamentos. Há também tecnologia que informa até 24h antes do parto ou do cio. Tudo isso fica disponível na palma da mão do pecuarista”, declarou.

“A pecuária de precisão chegou para otimizar as etapas do processo de produção, visando a maximização dos índices produtivos e a minimização de custos de produção. A partir do monitoramento efetivo e controle das etapas de produção promove-se também o bem-estar dos animais e dos empregados, e a satisfação dos consumidores”, afirmou o analista.

Por fim, Perci Janzen, médico veterinário da Elanco, explanou sobre o aditivos na nutrição de bovinos. Seu foco foram os aditivos ionóforos, principalmente a monensina sódica e a narasina. Ambos são antibióticos e tem como função aumentar o ganho de peso e melhorar a eficiência alimentar, ou seja, comer menos e engordar mais. “Também é importante ressaltar essa desinformação do mercado consumidor sobre os antibióticos na carne bovina. Esses aditivos não ficam na carne, pois não são absorvidos na corrente sanguínea. Eles atuam no estômago e depois são eliminados. Não fazem nenhum mal ao ser humano”, afirmou.