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Alta nos custos de fertilizantes pode deixar alimentos mais caros no Brasil

Insumo é importado e alta do dólar impacta o custo de produção de alimentos no campo
17 abr 2025 às 21:26
Por: Band
Joseane Antunes/Embrapa

A alta nos custos dos fertilizantes, insumos usados para produzir alimentos no Brasil pode impactar ainda mais o preço dos alimentos. Como o insumo ainda é importado, a combinação de fatores econômicos, como o dólar alto, a Selic elevada e a instabilidade internacional, está tornando o cenário cada vez mais desafiador para o agronegócio.


Segundo o Relatório Focus, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estimado para 2025 é de 5,65%, enquanto a taxa básica de juros, a Selic, permanece em 14,25%. A cotação do dólar, que chegou a R$ 5,88, amplia ainda mais os custos dos insumos importados, com impacto direto na produção agrícola. O reflexo disso é sentido, sobretudo, em estados como o Mato Grosso, maior produtor de soja do país.


De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), apenas 38,4% dos produtores haviam adquirido fertilizantes até fevereiro de 2025, número significativamente inferior à média das últimas cinco safras. A retração no ritmo de compras está diretamente ligada ao aumento de preços e à falta de previsibilidade financeira. O custo da soja para a safra 2025/26 subiu 4,5%, atingindo R$ 7,43 mil por hectare. Os fertilizantes, por sua vez, encareceram 7,6% e já representam R$ 1,86 mil por hectare plantado.


Entre os insumos mais afetados, o MAP (fosfato monoamônico) teve alta de 20%, atingindo R$ 4.750 por tonelada. Essa valorização reflete a menor oferta em países como Rússia, Egito e China, grandes fornecedores globais. Além disso, a relação de troca — que calcula quantas sacas de grãos são necessárias para adquirir fertilizantes — tem se tornado desfavorável. Para 56% dos produtores, a atual proporção inviabiliza investimentos adequados nas lavouras.


Diante disso, cresce a tendência de cortes no uso de adubação. Segundo o IMEA, 47,3% dos produtores afirmam que não utilizarão MAP na próxima safra e 10,6% pretendem reduzir as doses. Outros insumos como Super Simples, Super Triplo e potássio (KCl) também devem ser menos utilizados. A medida pode reduzir significativamente a produtividade das lavouras e afetar a oferta de grãos, elevando os preços ao consumidor.

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“O produtor está sendo forçado a fazer escolhas difíceis. Com custos altos e crédito escasso, a tendência é cortar onde dá e o fertilizante é um dos primeiros alvos. Mas isso tem um efeito em cadeia: menor investimento na lavoura, menor produtividade e, por fim, alimentos mais caros chegando à mesa da população”, alerta Lucas Costa Beber, presidente da Aprosoja-MT.


Além do custo, o financiamento também é um ponto crítico. O IMEA mostra que 43,5% dos produtores ainda não definiram como pagarão pelas compras de fertilizantes. A incerteza revela o grau de insegurança que afeta o planejamento da safra 2025/26.


O cenário preocupa pelo potencial impacto inflacionário, já que uma eventual queda na produtividade pode reduzir a oferta interna e pressionar os preços no varejo. A escalada dos custos e a falta de políticas públicas estruturadas para amortecer os efeitos do mercado global colocam em risco a competitividade da produção agrícola brasileira. “Cabe ao governo federal fazer sua parte, ajustando os próprios custos e promovendo equilíbrio fiscal, para que o peso da instabilidade econômica não continue recaindo sobre quem produz e sobre quem consome”, reforça Beber.

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