Agro

Assistência técnica agrega valor para alimentos produzidos em comunidade indígena

05 out 2023 às 22:08

Com assessoria do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater) a comunidade indígena do Pinhalzinho, município de Tomazina, conseguiu o certificado de produção orgânica para dezesseis famílias da Aldeia. Além da certificação a assistência técnica proporcionou opções de mercado seguro para a comercialização do excedente produzido.


Segundo o Adriano Lúcio Alboneti, extensionista do IDR-Paraná que presta assistência técnica à aldeia, nem tudo que as famílias produziam no local estava sendo consumido pela comunidade, foi então que perceberam a oportunidade de renda extra. “Como, pela cultura e tradição da comunidade, não utilizavam agroquímicos, buscamos a certificação da produção. O que agregou valor e abriu um mercado justo e seguro para destinar o excedente", explica, Adriano;  


A certificação de conformidade orgânica foi obtida junto ao Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), depois da constituição de uma organização chamada OCS (Organismo de Controle Social), que reuniu as famílias interessadas. "Montamos toda a documentação e encaminhamos para o Mapa e conseguimos a certificação, que permite a venda desses alimentos diretamente para os consumidores ou através de canais oficiais como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar), o que resolve a necessidade das famílias" conclui Adriano.


Depois da certificação, o IDR-Paraná aproximou as famílias da Associação de Produtores da Agricultura Familiar de Siqueira Campos (APAFASC) que reúne outros produtores da região para que, juntos, possam atender ao PAA ou o PNAE. "Foi necessário porque a comercialização para estes canais institucionais só pode ser realizada por uma cooperativa ou associação de agricultores familiares. Com esta integração, conseguimos fechar o ciclo. As famílias produzem e agora tem para quem vender".


Os produtos mais colhidos hoje na aldeia são raízes, tubérculos, grãos e frutas, principalmente mandioca, batata, banana, feijão e goiaba. Mas a intenção é incrementar o cultivo de hortaliças folhosas com o objetivo de melhorar a dieta das famílias e ainda diversificar a oferta de produtos para o mercado.


Embora a comunidade tenha o total de 520 hectares, cada família certificada utiliza, em média, apenas dois hectares para o cultivo. Alboneti conta que isso está bastante associado a tradição da comunidade. "É o respeito que eles têm pela mãe terra, eles não têm essa necessidade de expandir a área cultivada, de promover o desenvolvimento da monocultura. Aliás, mais da metade das terras da aldeia é de preservação. Então, a ideia deles não é aumentar o plantio, mas produzir um alimento com qualidade que possa servir a família e, então, vender o que sobra. E nós respeitamos essa tradição". completa o extensionista.