O volume de alimentos produzidos pela agricultura brasileira cresce em torno de 10 milhões de toneladas por safra, um ritmo crescente de 5%. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra 2024/2025, o Brasil deve produzir o maior volume da história, em torno de 322 milhões de toneladas. No entanto, pelo quase metade desse volume não terá como ser armazenado, já que a capacidade nacional de armazenagem é de 210 milhões de toneladas.
A armazenagem é uma estratégia para evitar desperdício, reduzir o custo dos alimentos e aumentar a competitividade com os outros países produtores de alimentos. E, sem investimentos significativos, a tendência é de que essa diferença entre a produção agrícola e a capacidade de armazenagem continue a subir.
O especialista em financiamentos agropecuários João Luiz Regiani explica que apenas com investimentos em logística de armazenagem será possível reverter esta situação e a expectativa gira em torno do Plano Safra, que tem linhas específicas para este tipo de investimento. Na safra 2023/2024, o crédito para construção de armazéns com capacidade de até seis mil toneladas foi de R$ R$ 3,3 bilhões com juros de 7% ao ano e prazo de 10 anos para pagamento. Os demais investimentos tiveram R$ 4,5 bilhões em recursos financiáveis com juros de 8,5 % ao ano. “É pouco, é preciso que o governo tenha consciência deste problema do agronegócio”, explica.
Sem armazéns, produtos como o milho e a soja, alguns produtores lançam mão de ‘bags’ que são sacos gigantes feitos para armazenar o produto, mas ficam expostos ao tempo. Chuvas e secas prejudicam os produtos, que são vendidos com preços mais baixos, prejudicando o agricultor. Sem armazéns ou investimentos em bags, o agricultor é obrigado a vender a produção rapidamente e não tem a oportunidade de aguardar melhores preços do mercado.