Uma caprina leiteira espanhola e um boi autraliano estreiam na Expointer 2025. A feira, que acontece entre os dias 30 de agosto e 7 de setembro no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS) terá 6.696 animais em exposição. São 1.589 animais rústicos, que participam de julgamentos, vendas, leilões ou provas, e 5.107 animais de argola, que vão a julgamento morfológico nesta modalidade.
Bibi, a 1º Murciana do Rio Grande do Sul
Uma cabrinha chamada Biblioteca estreia neste ano na Expointer. O animal, da raça Murciana chega à feira com toda pompa e cuidados. A bebê de três meses, de cor preta, ainda não poderá participar de provas devido à idade, mas estará à espera de visitas. O criador Eduardo Fagundes, da Fazenda Mãe Oxum, que fica no distrito de Passo da Areia, em Viamão, afirma que é o primeiro exemplar da raça no Rio Grande do Sul.
Fagundes conta que Biblioteca, carinhosamente apelidada de Bibi, é fruto de inseminação artificial, de um sêmen importado da Espanha. “Foi criada com mamadeira, não conheceu a mãe. É extremamente dócil. Ela veio de Minas Gerais e pesa agora dez quilos. Quando adulta poderá chegar a 40 quilos, ultrapassando esse número em período de lactação”, explica.
Segundo o criador, a Murciana possui um leite equilibrado (4,5% de gordura e 3,8% de proteína), sendo mais voltado para a confecção de queijos. “Um animal adulto produz uma média de quatro litros de leite por dia”, diz Fagundes. “Mas nós aqui não trabalhamos com produção de leite, só com a comercialização dos caprinos por enquanto. Pretendemos no futuro expandir e passar a produzir leite e queijo”.
Biblioteca come uma ração balanceada com 18% de proteína, além de feno de alfafa, disponível o dia todo. “Ela e os outros caprinos vivem em sistema de semi-confinamento (soltos de dia e presos à noite). Mas um mês e meio antes de ir para a Expointer, fica 100% confinada, como os demais que vão para a feira também”, esclarece o criador. Conforme ele, os animais não ficam aglomerados, têm espaço suficiente para se locomoverem.
Fagundes acredita que o Rio Grande do Sul é um mercado com potencial para a caprinocultura. Por isso, está investindo e, até o final do ano, deve adquirir mais caprinos leiteiros, inclusive Murcianas. "Esses animais são rústicos e têm uma boa adaptabilidade ao clima do nosso Estado. Nossa perspectiva de investimento na propriedade entre estruturas, campo e aquisição de animais é de R$ 2,4 milhões até 2027. Na Expointer já vamos captar a primeira rodada de investimento”, adianta o criador.
Sobre a raça Murciana
De acordo com o médico veterinário e presidente da Associação dos Caprinocultores do Rio Grande do Sul (Caprisul), Jônatas Breunig, a raça Murciana foi criada em 1975, e os exemplares são de cor mogno ou preta. “É a raça de cabra leiteira mais importante da Espanha, com mais de 500 mil fêmeas”, destaca.
Originou-se nas áreas semiáridas do sudeste da Espanha, incluindo partes de Múrcia , Almería , Granada e Alicante . “Elas foram criadas para a produção de leite, devido à sua capacidade de continuar essa produção em regiões secas e pobres em nutrientes. E foram introduzidas em várias áreas da América Latina, bem como no norte da África”, pontua o médico veterinário.
Boi australiano Greyman
Outro estreante de peso da Expointer 2025, é o boi, de pelo baio (acinzentado), 198 quilos, nascida em fevereiro deste ano, a terneira Guarita TEG 003 da raça Greyman estará na Expointer 2025, que ocorre de 30 de agosto a 7 de setembro no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. “É a primeira vez dessa raça na feira”, afirma seu criador, Luiz Carlos Ardenghy Sobrinho, da Cabanha Guarita, de Palmeira das Missões.
“É uma raça sintética, muito dócil, e produz uma carne diferenciada (de alta qualidade, com muito marmoreio e baixa gordura subcutânea) nos mais diversos sistemas de produção”, explica Ardenghy, que é presidente da Associação Brasileira de Murray Grei e Greyman (ABMGG).
Segundo ele, a raça, de origem australiana, existe no mundo inteiro e em praticamente todos os estados do Brasil. “Já produzimos Greyman há bastante tempo em Rondônia, hoje estamos produzindo também no Mato Grosso do Sul, em Santa Catarina e em outros estados. E essa raça é muito interessante, porque vem dando certo em todos os lugares que está sendo implantada”, comenta Ardenghy.
Ele conta que a Cabanha Guarita está com sua família há mais de 25 anos. “É uma fazenda média, em torno de 400 hectares. Eu participo da Expointer com a raça Murray Gray há cinco anos, e com o Cavalo Crioulo também”, destaca Ardenghy.
“Quanto à alimentação da terneira, é a campo, ou seja, campo nativo no verão e campo nativo melhorado. Para terminação, usamos aveia e azevém. E agora, para a Expointer, ela está em uma pastagem. Está sendo amansada para poder se socializar lá com os outros animais”, esclarece o criador.