As ondas de calor que atingem as regiões produtoras de alimentos já estão deixando os alimentos mais caros e podem complicar a situação ainda mais. A previsão é que a onda de calor que atinge o país só termine no dia 24 de fevereiro, após 10 dias de temperaturas menos 5ºC acima da média.
As altas temperaturas influenciam, não somente a rotina dos brasileiros, que precisam tomar cuidados extras com a sua saúde, mas também, o seu bolso na hora de comprar comida. O calor intenso pode afetar a produção de hortaliças, pescados e até a reprodução de animais, elevando o preço para o consumidor.
Na agricultura, a onda de calor afeta a produção agrícola de variadas cadeias. O setor de hortifrúti é um dos que mais são afetados, principalmente a produção de folhosas, que são espécies sensíveis a altas temperaturas. David Rodrigues, Extensionista Rural da CATI Regional Mogi das Cruzes (SP), que é um dos principais polos produtores de hortaliças na região sudeste, explica que o calor impacta a qualidade das plantas em todas as suas fases de desenvolvimento e até o transporte das hortaliças para os centros de distribuição. “As folhas perdem a qualidade em todas as etapas”, diz.
Desde o ano de 2023, quando as ondas de calor começaram a ficar mais frequentes, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), através da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), está trabalhando na região com novas técnicas de produção, buscam a mitigação dos efeitos climáticos, como a utilização de bioinsumos e a introdução de Sistema de Plantio Direto em Hortaliças (SPDH). “O SPDH consiste na cobertura do solo, criando uma proteção para a condução da planta e conservando a umidade," explica Rodrigues.
Outras lavouras também podem ser afetadas, como as de soja. No Rio Grande do Sul, produtores rurais estão relatando perdas consideráveis em lavouras - algumas com perdas de 100% - devido à estiagem e calor intensos. No entanto, o preço de grãos como soja e milho, que são commodities, são determinados pelo mercado internacional. O clima no Brasil afeta sim, mas menos diretamente como ocorre com frutas e hortaliças.