Confirmando a tendência formada nos últimos seis meses, novembro registrou uma nova e
expressiva queda no custo de produção de leite. O ICPLeite/Embrapa teve uma variação
negativa de 1,7%. O principal item responsável por esta queda foi a ração concentrada.
Os preços dos insumos cresceram até abril deste ano, em parte pela incerteza da guerra entre
Rússia e Ucrânia. Mas, a partir de maio fizeram trajetória de queda e, de maio a novembro, o
ICPLeite/Embrapa acumulou variação de -5,02%. Contudo, como nos primeiros meses do ano
ocorreu inflação de custos, de janeiro a novembro o ICPLeite/Embrapa acumulado foi positivo
(1,3%). Numa comparação de doze meses, ou seja, entre novembro/2021 e novembro/2022, o
acumulado foi de 1,7%.
Neste momento em que os preços recebidos pelos produtores estão sinalizando queda
contínua, a deflação nos custos ameniza o quadro de pressão sobre as margens financeiras
aferidas pelos produtores.
O custo de produção no mês de dezembro poderá ser próximo aos praticados em janeiro de
2022, acumulando uma restrita inflação. Se confirmado, será um cenário não usual para o
comportamento dos custos de produção de leite.
Preço da ração fez a diferença
No mês de novembro o grupo Concentrado apresentou variação de -4,5%, em função da queda
do preço de ração no mercado, num momento em que as chuvas começam a ser abundantes na
maior parte do Brasil, reduzindo a demanda por este insumo. O grupo Volumosos teve variação
de -0,1%, resultante da retração dos preços de adubos e defensivos no mês analisado.
Dois grupos apresentaram preços em elevação. Os preços do grupo Qualidade do Leite
cresceram 1,2 e Energia e combustíveis 0,7%. Três outros grupos de custos de produção que
compõem o ICPLeite/Embrapa não registraram variação de preços. São eles: Mão de obra,
Minerais, Sanidade e reprodução. (VER GRÁFICO 1)
Nos onze meses deste ano, o ICPLeite/Embrapa acumulou uma inflação de custos de 1,3%, com
um comportamento da trajetória de custos ascendente até abril e descendente nos meses
subsequentes. O grupo Mão de obra atingiu variação de 17,6%, seguido pelos grupos Minerais,
que apresentou uma inflação acumulada de 13,2% no período. O grupo Sanidade e reprodução
registrou o acumulado de 8,6%, seguido do grupo Qualidade do leite, que foi de 7,7%.
Os grupos que representam alimentação apresentaram queda no acumulado de onze meses.
Para o grupo Volumosos a variação foi de -8,8% e para Concentrado -1,7%. Também o grupo
Energia e combustível teve queda de -14,0%, o maior percentual negativo entre os grupos que
compõem o ICPLeite/Embrapa. (VER GRÁFICO 2)
O custo de produção acumulado em 12 meses vem caindo a cada mês ao longo de 2022 e atingiu
1,7% em novembro.
Em doze meses, o grupo Mão de obra apresentou 17,6% de acréscimo de preços, a maior
inflação dentre todos os grupos. Os custos representados pelo grupo Minerais cresceram 13,2%,
seguido do grupo Sanidade e reprodução, com inflação anual de 9,1%.
Dos sete grupos considerados no cálculo do ICPLeite/Embrapa, quatro registraram deflação
anual. Energia e combustível teve variação de -14,3%, Volumosos -6,8%, Concentrado -1,3% e
Qualidade do leite acumulou -0,8%.
Os principais motivos para esta deflação foram a retração de preços de insumos (petróleo e
fertilizantes), que iniciaram o ano com preços inflados pelas especulações originadas quanto às
incertezas até então reinantes quanto aos impactos da Guerra entre Rússia e Ucrânia.
A desorganização das cadeias de fornecimento mundiais também contribuiu. Ao longo do ano
estes percalços se reduziram e o cenário ficou mais claro. Por outro lado, internamente houve
expressiva desoneração fiscal nos preços dos combustíveis e energia e os reservatórios usados
pelas hidroelétricas atingiram patamares de segurança, com o retorno da tarifa referente à
bandeira verde. (VER GRÁFICO 3)