Agro

Pesquisadora Mariangela Hungria recebe a Ordem do Pinheiro, maior comenda do Paraná

19 ago 2025 às 22:13

A engenheira agrônoma e pesquisadora Mariangela Hungria recebeu, nesta terça-feira (19), do governador Carlos Massa Ratinho Junior, a Ordem do Pinheiro – maior comenda do Paraná. A homenagem à cientista, cujos trabalhos têm impacto direto na sustentabilidade agricultura, foi realizada durante o 13º Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), no Teatro Guaíra, em Curitiba. O evento também serviu como abertura da Conferência da Mata Atlântica, cuja programação segue até quinta-feira (21) no Parque Barigui.


“Fiquei muito emocionada, porque eu decidi fazer minha carreira aqui no Paraná. E eu acho que o amor que a gente escolhe tem mais valor do que aquele que é imposto quando a gente nasce. Vim pra cá porque era um estado que me dava muito orgulho de sustentabilidade, pelas cooperativas, por ter pequenos e médios agricultores, por estar sempre atrás de tecnologias sustentáveis, como aquelas que eu queria fazer”, comentou a microbiologista.


Com 43 anos de carreira na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e atualmente lotada na Embrapa Soja, em Londrina, Mariangela já desenvolveu diversos tratamentos biológicos de sementes e solos que reduzem a necessidade de fertilizantes sintéticos e aumentam a produtividade. Por seu trabalho, receberá em outubro o Prêmio Mundial da Alimentação (World Food Prize) de 2025, que é conhecido como o Nobel da Agricultura.


Essa premiação é voltada a pessoas que contribuíram significativamente para melhorar a qualidade, a quantidade ou a disponibilidade de alimentos no mundo. A justificativa para sua escolha demonstra a importância de seu trabalho: é “resultado das pesquisas em fixação biológica que transformaram a sustentabilidade da agricultura na América do Sul”.


Em seu discurso, ela usou três palavras para resumir seu sucesso: perseverança, resiliência e resistência. “Ser homenageada no Estado do meu coração, e por esse trabalho que ninguém acreditava quando comecei, de biológicos substituindo os químicos, é incrível. Passou um filme na minha mente, me mostrando como as escolhas que eu fiz foram corretas, de lutar pela sustentabilidade, pela ciência, pela pesquisa, E por tentar tornar a agricultura do Brasil, uma vitrine de agricultura regenerativa”, complementou. 


Referência em microbiologia do solo, as tecnologias que ajudou a desenvolver foram aplicadas em mais de 40 milhões de hectares no Brasil, resultando, só em 2024, em uma economia de US$ 25 bilhões aos agricultores e na prevenção da emissão de mais de 230 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera. Seu trabalho visa à substituição de fertilizantes químicos por alternativas sustentáveis, como microrganismos que ajudam as plantas a absorverem nutrientes e nitrogênio. Além da soja, suas pesquisas já chegaram a outras culturas, como feijão, milho e trigo.


“Nós somos líderes no Brasil, o plantio direto, por exemplo, nasceu aqui. Estava até falando com o governador que nós já fomos a capital dos inoculantes, que são esses produtos biológicos, e nós vamos voltar a ser. Somos líderes hoje nas pesquisas com esses produtos biológicos, substituindo os químicos; temos aqui exemplos de integração lavoura-pecuária; e o que eu amo, particularmente, no Paraná, são os pequenos e médios agricultores”, disse a pesquisadora.


“Em vários estados, eles estão desaparecendo, sendo incorporados por grandes companhias, mas não no Paraná. Aqui, eles também são resistentes, resilientes, perseverantes e fazem uma agricultura muito bonita. Também somos o Estado que tem mais mapeado a agricultura orgânica. Somos exemplo em muita coisa, como as cooperativas: é um estado maravilhoso”, afirmou.


No Paraná, a pesquisadora ainda tem desenvolvido importantes estudos no Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Taxonline. Iniciativa da Fundação Araucária, o arranjo de pesquisa conta com vários projetos envolvendo as coleções biológicas, base para qualquer estudo em biodiversidade e aplicação biotecnológica. Além disso, também coordena o projeto contemplado por meio do Programa de Apoio à Consolidação dos Institutos Nacionais de Ciência e Tесnologia (INCT) no Paraná (Cooperação MCTI/CNPq/Capes/Fundação Araucária).