O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) em parceria com a FIPE, registrou inflação de 0,74% em janeiro de 2024, impulsionado pela alta dos produtos in natura e semielaborados.
Dentro da subcategoria das frutas, a maior contribuição para a inflação mensal veio do aumento do maracujá, do abacaxi e da laranja, que variaram 19,15%, 11,05% e 9,47%, respectivamente.
Já na subcategoria dos legumes, o produto que apresentou maior alta no mês foi a cenoura, com a aumento de 70,56%.
Com relação aos tubérculos, existem dois movimentos opostos: por um lado, a batata segue em forte alta (37,35%), enquanto a cebola, em grande queda (-15,90%). No acumulado em 12 meses, a subcategoria fica com a inflação em 17,44%, decorrente da forte alta da batata no período (39,46% em doze meses).
“Dentro da subcategoria de verduras, quase todos os itens inflacionaram no mês, com exceção da alface, item de maior peso dentro da subcategoria e da escarola, que deflacionaram 2,13% e 3,81%, respectivamente”, comenta Queiroz.
Semielaborados
A categoria de produtos semielaborados apresentou a quarta alta consecutiva, ficando em 2,01%. A alta registrada em janeiro foi a maior dos últimos 18 meses e foi puxada, principalmente, pela elevação das subcategorias de cereais (5,69%), pescados (2,12%) e leite (1,98%). As demais proteínas animais apresentaram alta inferior a 1% em janeiro, com variação de 0,75% da carne bovina, 0,93% da carne suína e 0,76% das aves.
Apesar de ser a maior alta mensal da categoria de produtos dos últimos 18 meses, ela ainda acumula deflação de 3,86% nos últimos 12 meses, impulsionado, principalmente, pela queda de preço da carne bovina (-11,85%), leite (-6,57%), suína (-3,42%) e aves (-2,18%). Em sentido oposto, a alta do preço do arroz nos últimos 12 meses (28,86%) tem puxado toda a subcategoria de cereais para alta de 13,42%.
Os grupos de bebidas alcoólicas e alimentos industrializados, apesar de registrarem alta de 0,36% e 0,19% no mês, respectivamente, desaceleraram tanto em relação ao mês imediatamente anterior quanto em relação ao mesmo período de 2023. Por outro lado, os grupos de produtos de higiene e beleza (-0,55%), limpeza (-0,42%) e bebidas não alcoólicas (-0,1%) deflacionaram no mês e impediram que o indicador IPS apresentasse alta mais forte em janeiro.
“Em comparação com o mesmo período de 2023, a inflação de janeiro acelerou 0,28 p.p., acumulando, em doze meses, uma alta de 1,31%. Apesar de a inflação ainda estar num nível baixo, a APAS projeta pressão altista nos preços dos alimentos, mantendo a tendência de alta no indicador no médio prazo. Essa pressão já vem sendo observada desde o último bimestre de 2023 e deve se intensificar no primeiro semestre de 2024, como já ratificam os dados de janeiro”, comenta o economista-chefe da Associação.
A APAS prevê que a inflação medida nos supermercados (IPS) encerre o ano de 2024 em 4,2%, enquanto que o índice oficial de inflação da economia brasileira, o IPCA, encerre em 3,9%. A projeção da APAS está pouco acima da estimativa média do mercado, que, conforme o primeiro Boletim Focus de fevereiro de 2024, projeta alta de 3,81% no IPCA deste ano. Porém, o resultado do IPCA de janeiro converge com o cenário da APAS e indica que os alimentos deverão pressionar os índices de preços neste ano.
Apesar da expectativa de alta nos preços dos alimentos, Queiroz diz que não vislumbra alterações no rumo da política monetária, uma vez que o núcleo de inflação segue tendência estabilizante. “Neste sentido, acreditamos ser acertada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil em dar continuidade ao ciclo de redução da taxa Selic. Para 2024, a APAS projeta que a taxa Selic encerrará em 9,00% a.a.”, conta.
A categoria de produtos industrializados apresentou inflação de 0,19% em janeiro, ante a alta de 0,80% do mês imediatamente anterior e 0,91% do mesmo período do ano anterior. Com o resultado de janeiro, a categoria de produtos acumula aumento de 0,62% em doze meses.
As subcategorias que apresentaram alta no mês foram: doces (1,18%), adoçantes (1,03%), enlatados e conservas (0,93%), alimentos prontos (0,44%), cafés, achocolatados em pó e chás (0,22%), condimentos e sopas (0,16%) e derivados de carne (0,05%). Em sentido oposto, as subcategorias que apresentaram queda foram: massas, farinhas e féculas (-0,58%), panificados (-0,51%), derivados de leite (-0,29%) e biscoitos e salgadinhos (-0,20%).
Os produtos in natura tiveram inflação de 2,90% no primeiro mês do ano, desacelerando em relação aos três meses anteriores. O resultado do mês é fruto da diminuição do ritmo de apreciação das frutas (1,08%), legumes (4,53%), tubérculos (8,48%) e verduras (1,07%) e da deflação de 3,06% do preço dos ovos ao consumidor final. “Apesar da queda na ponta da curva, quando comparado com o mesmo período de 2023, observamos aceleração em quase todas as categorias, resultando na alta da curva em 12 meses. A inflação acumulada em 12 meses da categoria passou de 10,32%, em dezembro, para 15,16%, em janeiro”, diz Felipe Queiroz, economista-chefe da APAS.