A estimativa de safra paranaense 2022/23, divulgada nesta quinta-feira (28) pelo Departamento de Economia Rural (Deral) apresentou redução, basicamente em razão do trigo, mas ainda mantém a perspectiva de volume recorde, com pouco mais de 46,3 milhões de toneladas.
Comparativamente à previsão de agosto, o trigo perdeu cerca de 10% do potencial, baixando de 4,5 milhões de toneladas para 4,16 milhões, ainda assim recorde para a cultura no Estado. “Já pode ser caracterizado como perda, mas pode reduzir ainda mais”, afirmou o agrônomo Carlos Hugo Godinho. Segundo ele, a principal razão é a brusone, uma das doenças mais graves para a lavoura.
A colheita atinge cerca de 60% dos 1,4 milhão de hectares e as consequências da doença são observadas somente depois de retirada da terra. “Há má formação de grãos, o que reduz a produtividade em volume mais intenso do que o comum”, lamentou. O brusone se beneficiou das altas temperaturas observadas no inverno. “Ainda há preocupação com as lavouras a serem colhidas no Centro-Sul”, disse Godinho.
SOJA E MILHO – A colheita do milho de segunda safra está se encerrando no Paraná, faltando apenas 1% dos 2,3 milhões de hectares. “A safra é excelente, apesar dos percalços climáticos”, acentuou o analista do produto no Deral, Edmar Gervásio.
A estimativa é que a produção somada da primeira e segunda safras 2022/23 supere os 17,9 milhões de toneladas, colocando-se entre as maiores do Estado. “O mercado ficará bem abastecido”, salientou Gervásio. Segundo ele, é possível que o Paraná amplie um pouco o volume de exportação, que normalmente fica em torno de 2 milhões de toneladas, superando 3 milhões de toneladas.
Os produtores de soja conseguiram avançar bastante o plantio em setembro, alcançando 16% da área de 5,8 milhões de hectares. Até o final do mês deve ultrapassar 20%, volume bastante superior à média de 5% a 7% para setembro. “A largada foi muito boa”, disse Gervásio.
Segundo ele, esse adiantamento no prazo pode ajudar também a antecipar o plantio do milho segunda safra, caso tenha o clima ideal. “É bom para o planejamento do produtor que teoricamente poderá se beneficiar de um clima mais propício para a semeadura do milho principalmente na região Oeste”, ponderou o técnico.
CAFÉ E FEIJÃO – A colheita de café chegou a 95% da área de cerca de 26 mil hectares, faltando basicamente as regiões de Apucarana, Maringá e Ivaiporã para o término. “Foram floradas tardias do ano passado que acabaram vingando e culminaram nessa colheita mais atrasada”, salientou o economista Paulo Sérgio Franzini, analista da cultura.
A nova estimativa apresentada pelo Deral aponta ligeiro aumento na produção dos grãos, passando de 41,2 mil toneladas para 42,4 mil toneladas, com melhoria da produtividade sobretudo nas regiões de Jacarezinho e Maringá.
Segundo Franzini, a próxima safra já teve uma florada boa em setembro. No entanto, a temperatura alta verificada no mês pode comprometer o desenvolvimento. “Há uma dúvida muito grande se pode ou não comprometer o pegamento dessas flores, mas é provável que sim porque a temperatura foi muito alta”, disse.
O feijão de primeira safra está com 45% da área de 111,2 mil hectares já semeada. Aproximadamente 94% da lavoura desenvolve-se de forma boa, com o restante em situação mediana. A estimativa de produção está em torno de 215,2 mil toneladas.
FRUTAS E HORTALIÇAS – A laranja também sente as altas temperaturas, particularmente na região Noroeste do Paraná. “Certamente a próxima safra pode ser comprometida devido a esse excesso de calor da semana passada”, disse o engenheiro agrônomo Paulo Andrade, analista do setor no Deral.
Outra preocupação para os citricultores é o greening, uma das principais doenças da cultura, que acomete muitos pomares paranaenses. “É um problema sério e a erradicação é necessária”, afirmou. O Estado tem 21 mil hectares plantados com laranja.
O tomate de segunda safra está com 96% da área de 1,6 mil hectares colhida, com previsão de render 93,9 mil toneladas. A batata tem 94% dos 11,1 mil hectares colhidos, com estimativa de 329,2 mil toneladas. A cebola está com a área de 2,7 mil hectares totalmente plantada, com rendimento estimado em 94,4 mil toneladas.
Da nova safra, o tomate está com 53% dos 2,4 mil hectares plantados, com projeção de 148,7 mil toneladas, enquanto a batata foi semeada em 81% dos 14,5 mil hectares, podendo render 454,5 mil toneladas. “Com expectativa de altas temperaturas e excesso de chuva no Sul, o melhor seria que ela não fosse contínua, mas bem distribuída”, destacou Andrade.
BOLETIM – Nesta quinta-feira foi divulgado também o Boletim de Conjuntura Agropecuária referente à semana de 22 a 28 de setembro. Além de detalhar as informações sobre a estimativa de safra traz dados sobre mandioca, flores, bovino de corte, frango e mel.