O ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul deixou um rastro de destruição no campo. Segundo um relatório preliminar divulgado pela Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), 10.787 propriedades rurais foram danificadas e 29.356 animais de corte, como bovinos de corte e leite, suínos e aves, morreram.
De acordo com o levantamento, o fenômeno causou danos pelos altos volumes precipitados, ocorrência de granizo localizados e transbordamento de leitos de rios e arroios. Ao todo, 50 municípios foram afetados, 4.456 quilômetros de estradas vicinais foram danificadas e causou problemas de escoamento da produção agrícola em 197 comunidades. Também foram registrados danos em danos em 1.192 casas, 621 galpões, 12 armazéns, 116 silos, 25 estufas de fumo, 25 estufas/túneis plásticos para horticultura, 128 açudes (piscicultura/irrigação), 53 aviários e 45 pocilgas.
Na produção primária, as chuvas torrenciais resultaram em sérias perdas na produção primária, afetando principalmente grãos, frutas, olericultura e fumo. As perdas se mostraram significativas, com destaque para milho e trigo, que tiveram grandes áreas atingidas e alto volume de produção perdidas.
Na fruticultura, cultivos como laranja e uva sofreram perdas consideráveis. A olericultura e a produção de fumo foram duramente atingidas, prejudicando muitos produtores. Ao todo, 1.616 produtores tiveram perdas na produção de grãos, 88 na fruticultura, 2.691 no fumo e 198 na olericultura.
Na pecuária, além dos 29.356bovinos de corte e de leite, suínos e aves, a Emater contabilizou perdas de 370 caixas de abelhas e 35,5 toneladas de peixe. Ao todo, 346 produtores rurais prejudicados. A produção não coletada de leite chegou a 327,3 mil litros, lesando um total de 813 produtores.
As perdas na produção de forragens impactam diretamente na atividade pecuária, afetando a produção de carne e de leite, e representam um desafio adicional para os produtores, que buscam alternativas para suprir as necessidades alimentares de seus rebanhos. Foram atingidos 1.880 hectares de pastagem nativa, 10.730 hectares de pastagem cultivada e 50 hectares de silagem, com um total de 1.022 produtores prejudicados. Houve perda de 35,5 mil pés de eucalipto.
Na região de abrangência do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar Lajeado, a mais severamente atingida devido à cheio do rio Taquari, que chegou à marca de 29m 45cm, o setor de turismo rural, que desempenhava um papel importante na região, foi significativamente prejudicado devido aos danos na infraestrutura e nas paisagens naturais inundadas.
Além disso, há relatos de agroindústrias familiares afetadas, como a Lansing, em Arroio do Meio, que teve toda a sua estrutura danificada. Isso inclui a perda de estoques de produção e insumos para a próxima safra, cercas destruídas e áreas com solo devastado. Em General Câmara, o Taquari inundou uma comunidade quilombola, e as famílias foram retiradas do local.
A Emater e a Secretaria de Desenvolvimento Rural atualizarão os números no decorrer da semana.