A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, deflagrada desde o início do mandato do presidente americano Donald Trump, já está gerando um aumento de exportações brasileiras de soja. Isso porque o Brasil tem sido mais procurado pelos chineses desde a imposição de taxas de até 125% dos EUA sobre os produtos chineses. A soja era o produto agrícola mais exportado pelos americanos para os asiáticos desde então, com cerca de 35 milhões de toneladas por safra.
Em Iowa, nos Estados Unidos, onde há uma grande concentração de produtores de soja, o clima é de preocupação. Kirk Leads, presidente da Associação dos Produtores de Soja de Iowa, disse que se a situação continuar como está atualmente, muitos fazendeiros vão parar de produzir soja. “É prejuízo atrás de prejuízo”.
Para o Brasil, a situação é confortável. O país já assumiu a liderança nas exportações de soja para a China, com um aumento de 32% no último mês. Em abril, mais de 40 navios brasileiros carregados com soja atracaram em um porto chinês. De acordo com analistas, a China já estava preparada para o tarifaço de Trump e, por isso, já haviam aumentado as compras de soja do Brasil antes do anúncio do tarifaço, mas a demanda asiática só está aumentando.
O presidente chinês Xi Jinping se encontrou com Dilma Roussef, ex-presidente do Brasil e atual CEO do Banco dos Brics para tratar o assunto e ressaltou que a China vai proteger os interesses do país diante da guerra comercial.
A expectativa é que o Brasil deva exportar mais de 80 milhões de toneladas de soja para a China. em 2022, o Brasil exportou 50 milhões de toneladas de soja para a China e no ano passado, este volume já tinha ultrapassado 70 milhões de toneladas. “O tarifaço de Trump, em princípio, gera confusão, mas em linhas gerais também gera muita expectativa positiva para o agronegócio brasileiro, com o aumento dos embarques de soja para a China”, explica Luis Pedro Bier, vice-presidente da Aprosoja/MT. “Mas o Brasil não tem condições de suprir 100% da demanda de soja da China. Eles terão que importar pelo menos um pouco de soja dos Estados Unidos. No entanto, a notícia é positiva para o agro brasileiro”.