Em uma tranquila chácara localizada em Brasília (DF), o produtor rural Divino Augusto Neto cultiva tilápias há 40 anos, uma trajetória de dedicação e adaptação tecnológica ecoa entre os tanques de peixes. Este veterano da aquicultura, que começou quando a tilápia ainda não tinha o valor de mercado atual, viu o potencial de um peixe "de sabor excelente, de produção rápida e de custo barato". Foi o melhoramento genético e a introdução de novas tecnologias que o incentivaram a produzir em maior escala.
Atualmente, Divino Augusto maneja sozinho a maior parte do trabalho em sua propriedade de 1 hectare, que abriga quatro tanques de tilápias. O processo, que leva cerca de 7 meses até o abate, quando o peixe atinge 1,5 kg, era anteriormente apoiado por 8 funcionários. Hoje, ele produz 5 toneladas de tilápias, um aumento significativo em relação às 1,5 toneladas de tempos atrás.
A tilápia, que representa 70% dos peixes cultivados no Brasil, enfrenta agora um novo desafio com o tarifaço imposto por políticas externas, como as implementadas pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Especialistas alertam que tal medida pode comprometer toda a atividade aquicultora no país, inclusive afetando produtores que não exportam, como é o caso de Augusto. O economista Celso Bergo explica que, no curto prazo, os preços da tilápia podem cair, mas os produtores não se sentirão tranquilos ao vender seus produtos abaixo do seu custo de produção", diz. "
A tilápia é comercializada em 140 países no mundo e representam 70% dos peixes cultivados no Brasil. É uma commodity, como frangos, soja e milho, que tem mercado certo, com expectativa de mais crescimento. “A expectativa do setor é que, em 2030, cerca de 82% dos peixes de cultivo no Brasil sejam tilápia”, conta Francisco Medeiros, da PeixeBR.