As recentes enchentes no Rio Grande do Sul causaram grandes estragos, inclusive no setor automotivo.
Mais de mil carros zero-quilômetro foram danificados, além de mais de 200 mil veículos seminovos e usados que já estavam circulação, de acordo com estimativa da consultoria Bright Consulting.
A recuperação desses veículos e sua reintrodução no mercado já estão em andamento: enquanto algumas unidades vão voltar a rodar normalmente, outras serão encaminhadas para desmonte e reaproveitamento de peças.
Adiel Avelar, CEO da Copart, empresa especializada em leilões de veículos danificados em grandes catástrofes, explica o plano para retorno desses veículos ao mercado.
No Rio Grande do Sul, a Copart montou pátios em áreas secas para armazenar os veículos danificados que têm seguro.
São 20 pátios no estado, dos quais quatro estão localizados na região de Porto Alegre.
"O segurado liga para a seguradora, que inicia o processo em contato com a Copart. Nós retiramos o veículo, levamos para análise em nossos pátios, onde o carro é higienizado e depois analisamos os danos", explica Avelar. Até o momento, mais de 3 mil pedidos de sinistro foram recebidos.
Uma vez que o usuário é indenizado, o veículo é transferido para a seguradora e classificado como de pequena, média ou grande monta. Veículos com danos pequenos podem ser reparados e voltar a rodar. Aqueles com danos médios passam por uma inspeção para determinar se podem voltar a circular. Já os veículos com grandes danos são destinados à desmontagem por centros credenciados pelo Detran (Departamento Estadual de Trânsito).
Reintrodução no Mercado
No caso dos carros segurados, os classificados para voltar ao mercado serão vendidos através de leilões organizados pela Copart.
"Nosso objetivo é garantir que esses veículos retornem de forma segura e legal ao mercado. Os carros com danos pequenos ou médios podem ser uma boa oportunidade para compradores, desde que todas as inspeções e reparos necessários sejam feitos", afirma Avelar.
Para veículos de pessoas físicas, a venda direta para empresas especializadas em comercialização de carros sinistrados pode ser uma opção, especialmente porque apenas 30% da frota é segurada.
A maior preocupação é a respeito de veículos que podem ser vendidos, por má-fé, sem identificação do sinistro. Avelar recomenda que, ao comprar um carro de particular que desconfie que possa ter passado por enchentes, os consumidores levem um mecânico de confiança para identificar possíveis danos e realizem uma vistoria cautelar para garantir uma compra segura.
Já os veículos sem identificação que ficarem nas ruas devem ser tratados de acordo com a lei de veículos abandonados em áreas públicas, sendo recolhidos para os pátios do Detran e podendo ser vendidos em leilões públicos - com sinalização de sinistro.
Impacto no mercado automotivo
Jefferson Fürstenau, presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos (Sincodiv) e da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) no RS, destaca que as enchentes resultaram em significativas perdas financeiras e operacionais para as concessionárias.
"Estamos há 16 dias sem vender carros porque estamos sem serviço do Detran", relata Fürstenau. Além disso, a recuperação do mercado deve ocorrer em duas fases: inicialmente, com alta procura por veículos devido à indenização dos seguros, seguida de uma avaliação mais precisa das perdas nos meses subsequentes.