Brasil e mundo

Otimismo com economia cresce, mas brasileiro teme desemprego e violência, diz Ipsos

19 out 2025 às 11:23

Uma pesquisa de setembro do Instituto Ipsos, apresentada por seu diretor sênior de clientes, Rafael Lindemer, em entrevista à Rádio Bandeirantes, revela uma leve alta no otimismo do brasileiro com a economia. Apesar da melhora, a percepção geral ainda é de fragilidade, com a maioria (62,5%) classificando o cenário como "ruim". O estudo mostra que, embora esperançoso com o futuro financeiro pessoal, o cidadão segue preocupado com o desemprego, e aponta o crime e a violência como seus maiores medos.


A gangorra da percepção econômica

Segundo os dados apresentados por Lindemer, 37,5% dos brasileiros avaliam a economia do país como "boa", um crescimento de quase sete pontos percentuais nos últimos meses. Contudo, essa melhora na percepção macroeconômica não se reflete diretamente no bolso. Quando a pergunta é sobre a situação financeira pessoal, quase 70% a classificam como "fraca". "A gente tem ainda uma economia frágil", afirma o diretor do Ipsos.


A pesquisa expõe um contraste interessante: apesar de verem o presente como fraco, 70% dos entrevistados esperam que sua situação financeira esteja "forte" daqui a seis meses. Lindemer atribui essa esperança a uma "questão cultural muito forte nossa" de um povo otimista, mas também a fatores como a desaceleração de preços em alimentos. Essa visão positiva, no entanto, não é unânime. "A geração que viveu a hiperinflação [...] é uma geração cética", pontua, referindo-se à Geração X.

O medo do desemprego cresce

O otimismo com o futuro é freado pela insegurança no trabalho. A pesquisa aponta um aumento na porcentagem de brasileiros que acreditam que podem perder o emprego nos próximos seis meses, subindo de 23,7% em julho para 30% em setembro. "Esse é o olhar que a gente tem que ter muita cautela sobre os números", alerta Lindemer, que destaca que entre as classes média e baixa, o receio de ficar desempregado chega a quase 50%.

Violência e corrupção no topo das preocupações

Quando questionados sobre o que mais os preocupa, os brasileiros são categóricos. O crime e a violência lideram com 43% das menções, seguidos de perto pela corrupção, com 38%. Questões como saúde, inflação e pobreza vêm na sequência, enquanto pautas como mudanças climáticas são citadas por apenas 9%. Sobre o aumento da preocupação com a corrupção, Lindemer comenta que "tudo que a gente tem visto ao longo do ano vai levando também para a preocupação sobre corrupção de novo".


A desconfiança geral se reflete na avaliação sobre a direção do país. Para 59% dos entrevistados, o Brasil está no "rumo errado". Apenas 41% acreditam que o país está no caminho certo. A apresentadora da Rádio Bandeirantes, Thaís, relembrou picos de pessimismo, como em abril de 2018, quando 91,7% diziam que o país estava no rumo errado. Lindemer contextualiza: "Normalmente, quando a gente troca governo, inicia-se um novo momento de relacionamento e a gente tende a ver esse crescimento do índice de confiança. Depois, ao longo do tempo, a gente vai vendo [...] a realidade do dia a dia."