Brasil e mundo

Rainha da Maconha é presa no Paraguai; ela seria elo do PCC com o tráfico

22 nov 2025 às 11:12

Uma das traficantes mais procuradas pela Justiça brasileira foi presa em uma operação na fronteira. Eva Arevalos Jara, de 54 anos, conhecida no mundo do crime como a "Rainha da Maconha", foi detida sob a acusação de ser uma peça fundamental na logística do crime organizado. Segundo as investigações, ela atuava como o principal elo de venda de drogas entre o Paraguai e o Brasil.


A suspeita é responsável pelo abastecimento de diversos pontos de venda de entorpecentes. Esses locais seriam controlados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do país.


Eva já possui uma condenação pesada no Brasil. A Justiça de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, cidade que faz divisa seca com o país vizinho, sentenciou a criminosa a mais de 32 anos de prisão. Além da pena já estabelecida, a Polícia Paraguaia investiga a conexão direta dela com André do Rap, apontado como um dos maiores traficantes brasileiros da atualidade.


Rota estratégica e falta de fiscalização


A prisão ocorreu em uma região conhecida como "cidades gêmeas". São distritos localizados na linha de fronteira entre o Brasil e o Paraguai, onde a fiscalização é precária ou inexistente. Essa característica geográfica transforma a área em um ponto estratégico para os criminosos, facilitando o escoamento da droga do país vizinho para o território nacional.


Durante a operação que resultou na captura da "Rainha da Maconha", a Polícia Paraguaia também apreendeu duas caminhonetes. As investigações apontam que esses veículos, adquiridos com dinheiro proveniente do tráfico, eram utilizados especificamente para o transporte da droga de um lado da fronteira para o outro, driblando a vigilância.


A logística do crime organizado na região é complexa. A principal rota de envio de entorpecentes para o Brasil tem início na Bolívia, mas utiliza o Paraguai como entreposto antes da entrada em solo brasileiro. As cidades de Ponta Porã (MS) e Foz do Iguaçu (PR) são identificadas pelas autoridades como os principais corredores de entrada.


Lucro internacional e extradição


A região de fronteira apresenta uma presença marcante do crime organizado justamente pelo controle dessas rotas. O interesse financeiro é alto, visto que o Brasil funciona, muitas vezes, como um corredor de exportação. Estima-se que cerca de 80% da cocaína que entra no país é posteriormente enviada para o exterior.


O lucro obtido com essa transação internacional é exorbitante. Na Austrália, por exemplo, conforme citado na reportagem, o quilo da droga chega a ser vendido por um valor até 200 vezes superior ao praticado no mercado brasileiro. Por isso, a Justiça brasileira considera a prisão de Eva fundamental para desarticular parte dessa engrenagem e diminuir o fluxo de entorpecentes.


Logo após a detensão, Eva Arevalos Jara foi transferida para uma unidade prisional em Assunção, capital do Paraguai. O processo legal para que ela cumpra sua pena no Brasil já está em andamento. A expectativa das autoridades é que a extradição da criminosa ocorra em um prazo de até três meses.