Há um ano o Brasil se despedia de Silvio Santos. O empresário e comunicador morreu aos 93 anos em 17 de agosto de 2024, após dois anos afastado dos estúdios do SBT, emissora fundada por ele em 1981.
O programa dominical com mais de 60 anos foi assumido pela filha, Patrícia Abravanel, que apresenta a atração dominical até hoje, levando o mesmo nome do pai. Já a emissora, nas mãos de outra filha, Daniela Beyruti. O ex-camelô e ex-paraquedista do Exército pode fazer falta pelo carisma e irreverência, mas deixou um legado tanto no mundo da comunicação, quanto no mundo empresarial.
A última vez que Silvio Santos foi internado foi em julho de 2024, quando passou por um período no hospital em decorrência de uma infecção por H1N1. Em 2020, o apresentador ficou internado com Covid-19 e se afastou das telinhas. Ele ensaiou um retorno em setembro de 2022, mas ficou longe dos palcos e das 'colegas de trabalho', as mulheres do auditório, desde então.
De camelô a rei da TV
Nascido em 12 de dezembro de 1930, Senor Abravanel era filho de um comerciante judeu grego e de uma jovem de origem turca. Ele e os cinco irmãos trabalharam desde cedo para ajudar em casa. A história do apresentador se confunde com a da própria TV.
Aos 14 anos, Senor, que ficou conhecido como Silvio, se tornou camelô ao notar a margem de lucro obtida com a venda nas ruas. Nas ruas, chamou atenção nas ruas pela voz potente. Assim ele foi convidado para fazer um teste na Rádio Guanabara e ficou em primeiro lugar, mas optou por continuar como vendedor ambulante, pois ganhava mais financeiramente. Um dos momentos mais significativos do início da carreira remete ao período em que Silvio foi locutor de uma rádio em Niterói, onde trabalhava para ter uma renda extra. Habituado ao trajeto com a barca e sempre muito criativo, ele teve a ideia de criar um serviço de alto-falante para as viagens.
Entre os intervalos das músicas, veiculava propagandas de produtos em uma iniciativa que logo se tornou um sucesso comercial. Ali era demonstrado o talento como empreendedor do empresário que, anos mais tarde, criou o próprio conglomerado comercial. A troca de nome foi escolhida para facilitar ao público, por isso o nome Silvio Santos, com melhor sonoridade.
A estreia na TV aconteceu no início da década de 60 com o programa “Vamos Brincar de Forca”, na TV Paulista. A atração era o embrião do Programa Silvio Santos, que reunia vários formatos e quadros. Com os anos, Silvio se tornou o rei dos domingos, quando assumiu um programa na data na Globo. Ele alugava horário na emissora para ter o tradicional programa de auditório.
Em 1976, a relação entre Silvio Santos e a Globo terminou, após pressões e falta de espaço na emissora. Ele levou a atração para a TV Tupi e, em 1981, Silvio criou a própria emissora: a TVS, que anos mais tarde se tornou o Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT.
Homem do Baú
Além da televisão, Silvio Santos foi conhecido pela trajetória empreendedora. O apresentador recebeu do amigo Manoel de Nóbrega, o Baú da Felicidade, que oferecia produtos como eletrodomésticos, itens para o lar e até carros.
O Baú funcionava a partir de carnês, que eram pagos mensalmente e davam direito a concorrer a sorteios de prêmios, além de participar de sorteios para participar do “Todos Contra Um”, “Roda a Roda”, “Festival da Casa Própria”, “Pra Ganhar é Só Rodar” e “Tentação”, todos no SBT. Após o fim do pagamento, o cliente poderia trocar o valor por mercadorias.
O Carnê do Baú foi extinto nos anos 2000, mas em 2015, Silvio relançou a marca Baú da Felicidade, com as mesmas mensalidades e quase o mesmo sistema de premiação. Estima-se que Silvio detenha um patrimônio de aproximadamente R$ 1,7 bilhão, segundo ranking divulgado pela revista Forbes.
Além do Baú da Felicidade, Silvio Santos também tem outras empresas do ‘Grupo Silvio Santos’. São elas: SS Holding, SiSAN, Liderança Capitalização S/A, Hotel Jequitimar, SBT e Jequiti.
Silvio Santos e a política
Silvio Santos sempre esteve próximo dos presidentes da República e da política. Em 1988, Silvio contou à Veja que se considerava um "office-boy de luxo do governo".
O voo mais ambicioso na política foi a candidatura à Presidência, em 1989, cassada pelo TSE a uma semana da votação. Mesmo tendo entrado tardiamente na disputa, as pesquisas lhe davam cerca de 30% das intenções de voto, superando Fernando Collor de Mello, que acabaria vencendo o pleito.
Mesmo com a popularidade, a candidatura de Silvio Santos foi impugnada por diversas questões. Uma delas foi a Lei Complementar nº 5/70, que considerava inelegíveis candidatos que tenham exercido cargo ou função de direção, administração ou representação em concessionárias, ou permissionárias de serviço público. No caso, Silvio era acusado de estar em funções administrativas no SBT.