O Congresso retomou os trabalhos em clima de disputa com o governo Lula nesta segunda-feira (05). O novo ano legislativo foi aberto com velhos problemas.
O presidente da Câmara, que tem o controle das pautas e da maioria dos votos, nem sequer conversa com o responsável pela articulação política do governo desde dezembro. A relação de Arthur Lira (Progressistas) com Alexandre Padilha (PT), sempre cercada de desconfianças de parte a parte, agora piorou de vez.
Lira levou uma série de reclamações ao chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT). Entre elas, a de que Padilha não cumpre acordos de nomeações de segundo e terceiro escalões nem a liberação de emendas dos políticos.
“Não fomos eleitos, nenhum de nós, para carimbar. Não é isso que o povo brasileiro espera de nós. O orçamento da União pertence a todos e todas e não apenas ao Executivo. Não subestime esta Mesa Diretora. Não subestime os membros deste parlamento”, disse Lira.
“O governo em nenhum momento rompeu e nem nunca rompera com relação com o Congresso Nacional, seja com os presidentes das duas casas, seja com os líderes da base e da oposição também”, afirmou Padilha.
O presidente Lula já mandou avisar que o ministro Padilha fica. Em meio à tensão, o governo prometeu um aceno ao Congresso. A ideia é que eventuais mudanças na prorrogação da desoneração da folha dos 17 setores que mais empregam no país venham por projeto de lei.
A medida provisória (MP), já enviada ao Congresso, deverá ser retirada, como exigem os líderes partidários, tanto na Câmara quanto no Senado. Benefícios fiscais aos setores de turismo e eventos, conhecidos como Perse, também podem ser mantidos.
“Conquistas como a desoneração e o Perse, essencial para milhões de empregos para um setor devastado pela pandemia se sustentam, não podem retroceder sem uma ampla discussão com esse parlamento”, disse Arthur Lira.