Trinta anos após o sequestro que paralisou Marechal Cândido Rondon e entrou para a história do Paraná, novos relatos lançam luz sobre os bastidores de uma semana marcada pela tensão, estratégia e coragem. No segundo capítulo do documentário "123 horas - O sequestro que parou o Paraná", jornalistas, moradores e profissionais da segurança pública compartilham suas memórias de um episódio que moldou não só o noticiário da época, mas também a vida de quem esteve direta ou indiretamente envolvido.
- Confira o primeiro episódio do documentario: "A Descoberta"
Durante as 123 horas de sequestro, as lentes da TV Tarobá acompanharam cada movimento. Em tempos sem redes sociais ou transmissões ao vivo por celulares, a precisão jornalística era tudo. E foi isso que garantiu à emissora pontos estratégicos de cobertura, como uma sacada ao lado da casa onde as vítimas eram mantidas reféns. Um dos imóveis, ainda em construção na época, funcionou como posto de observação para a Polícia Militar e também serviu de base para as imagens captadas pela Tarobá. Hoje, a residência é habitada pela família de dona Cleuza, que ainda guarda recortes de jornal e memórias vívidas daqueles dias.
Enquanto a cobertura ganhava forma, o aparato policial crescia. Forças da Polícia Civil e Militar do Paraná foram mobilizadas. Agentes experientes e jovens promissores se somaram na missão de pôr fim ao sequestro. Um deles, Cristian Goldoni, então com 26 anos, liderava o Grupo de Operações Especiais de Cascavel. O moletom da época ainda está guardado, como símbolo de uma das operações mais desafiadoras de sua trajetória.
Na mesma rua onde o drama acontecia, uma casa comum transformou-se no quartel-general das forças de segurança. Propriedade do senhor Antônio, o imóvel serviu de base para o planejamento e articulação da estratégia policial. Cada cômodo ganhou nova função: sala virou central de comunicações, quartos, áreas de descanso e análise tática. A família foi realocada para um hotel, enquanto a tensão tomava conta do bairro.
O cenário era de incertezas, e cada hora sem avanços aumentava a pressão. No meio disso tudo, o relógio se tornava inimigo dos negociadores. A reviravolta veio com a identificação dos sequestradores, um marco importante que mudou os rumos da negociação e trouxe esperança de um desfecho.
O documentário continua amanhã, com mais revelações sobre a investigação que desvendou a identidade dos criminosos e os passos finais de uma operação que marcou a segurança pública e a comunicação no Paraná.