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Abusos deixam traumas e reforçam alerta sobre proteção na infância e adolescência

11 set 2025 às 20:57

Os crimes, registrados em diferentes contextos, têm algo em comum: aconteceram em ambientes onde as vítimas deveriam estar seguras.


O primeiro caso veio à tona dentro de um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI). Uma criança de apenas cinco anos foi abusada por um agente de apoio da unidade. Durante o processo investigativo, novas denúncias surgiram, apontando para outras possíveis violações sexuais também na rede municipal de ensino.


Pouco tempo depois, um novo escândalo estourou, desta vez dentro da Igreja Católica. Mais de 13 denúncias de abuso sexual foram feitas contra o padre Genivaldo Oliveira dos Santos, atualmente preso, e contra o falecido ex-arcebispo dom Mauro Aparecido dos Santos

Na última semana, outro caso causou revolta: uma criança de oito anos, que brincava no quintal de casa, no bairro 14 de Novembro, foi molestada por um vizinho. E mais recentemente, um organizador de eventos foi preso por abusar de adolescentes.

A psicóloga Tania Ferrari destacou que as marcas deixadas por situações de abuso permanecem por muitos anos. Ela ressaltou a importância de que as crianças recebam acompanhamento psicológico adequado, já que, na adolescência e na vida adulta, o trauma pode resultar em problemas de autoestima, insegurança e dificuldades nos relacionamentos interpessoais.


Os crimes reforçam a importância da conversa dentro de casa, desde a primeira infância, como forma de proteger e orientar crianças e adolescentes.

Pais e mães ouvidos pela reportagem reforçam a importância da educação preventiva.

“Eu instruo muito eles, né? Falo sobre as partes do corpo que ninguém pode tocar, ensino isso direitinho. Digo para ela que, se alguém tentar ou chegar perto, é para sair correndo e gritar por socorro”, afirmou uma mãe.


“Às vezes, basta um descuido, uma bobeirinha, a gente se afasta por um instante e é aí que acontece o problema, né? A gente tenta estar sempre em cima, porque, depois que acontece, o trauma fica — tanto para a criança quanto para os pais.” declarou um pai. 


Uma simples conversa pode evitar que a criança se torne uma vítima“É importante ensinar à criança sobre o corpo e a intimidade, explicando que ninguém pode tocá-la sem consentimento — nem mesmo pessoas da família. A maioria dos casos envolve pessoas próximas, em quem a criança confia. Muitos pais têm dificuldade em abordar esse assunto, mas é possível buscar orientação. Hoje, não podemos mais negar que isso existe”, destaca a psicóloga.


Além disso, a psicóloga observa que, apesar dos riscos, muitas crianças já demonstram estar preparadas para reagir em situações de perigo.


''Se algum adulto estiver perto de mim eu chamo a polícia ou peço a ajuda de um adulto'', relatou uma criança.


Em meio à comoção, surgiu um questionamento recorrente entre a população: por que algumas vítimas demoram tantos anos para denunciar os abusos sofridos? Casos como o do padre Genivaldo revelam que muitas vezes o trauma é tão profundo que o silêncio se prolonga por décadas.


“Então, às vezes, começa um uso excessivo do celular, algo que antes não existia; a questão de apagar o histórico, mudanças físicas, excesso de banhos, ansiedade, automutilação, dificuldade para dormir, isolamento ou abandono de atividades que antes eram prazerosas — todos esses são sinais de que algo pode estar errado”, explica a psicóloga Tania Ferrari.


Ela ainda ressalta que, mesmo após um abuso, alguns adolescentes não apresentam sinais visíveis, o que torna a escuta ativa fundamental, além de transmitir à vítima segurança e apoio, para que ela saiba que pode confiar e relatar o que viveu.


A especialista reforça ainda que, ao identificar qualquer tipo de abuso sexual, pornografia infantil ou outras formas de violência contra crianças e adolescentes, é fundamental denunciar imediatamente, além de oferecer acolhimento e apoio psicológico.