A Associação Flávia Cristina, que atende gratuitamente pessoas com deficiência em Londrina, corre o risco de encerrar parte de suas atividades após o protocolo de uma ADI 7796 (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no STF (Supremo Tribunal Federal). A ação questiona leis estaduais que garantem apoio financeiro a escolas especializadas, como APAEs e outras instituições filantrópicas do Paraná.
A
diretora da associação, Cibele Henklain, alerta para os impactos da possível
revogação: “Essa ação visa a extinção de duas leis estaduais que garantem o
direito de escolha das famílias ao ensino especializado, bem como o suporte
financeiro do governo do Estado do Paraná às instituições que trabalham com
educação especial.”
Em
Londrina, pelo menos cinco escolas filantrópicas prestam atendimento a crianças
com deficiência. No estado, mais de 40 mil estudantes podem ser afetados se os
recursos forem cortados. Sem o financiamento estadual, a Associação Flávia
Cristina afirma que terá de encerrar o setor de ensino, que hoje oferece
educação infantil e fundamental para alunos com deficiência intelectual e
múltipla, além de serviços clínicos como fisioterapia, fonoaudiologia,
psicologia, psicopedagogia, hidroterapia e pilates.
As
doações recebidas atualmente não são suficientes para manter a estrutura em
funcionamento. “Nós não somos segregadores. Nós apoiamos a inclusão. Mas
existem alunos que demandam um nível maior de suporte. E as famílias escolheram
o ensino especializado exatamente por isso”, explica Cibele.
A
preocupação também é sentida pelas mães de alunos. Daiane, que se mudou de São
Paulo para Londrina em busca de um atendimento adequado para o filho autista,
relata a dificuldade que enfrentou: “Lá em São Paulo a gente procurou muitas
vezes escola especial. Existe, mas tem fila imensa. Aqui sim, eu encontrei
inclusão. Aqui ele é bem atendido, chega rindo, gosta da escola.”
A decisão
do STF ainda não tem data para ser julgada, mas instituições do Paraná já estão
mobilizadas contra a ADI. A diretora da Associação Flávia Cristina faz um apelo
à comunidade: “Pedimos o apoio da população para que conheçam nosso trabalho,
discutam a importância das escolas de educação especial e nos apoiem. Nós
estamos de portas abertas.”