A mãe da jovem que morreu vítima do acidente na BR-369, em Londrina, prestou depoimento nesta sexta-feira (9) na Delegacia de Trânsito. A mulher afirma que a filha disse, ainda no hospital, que o marido estava praticando racha no dia do acidente.
Visivelmente abalada, Simone Ferreira precisou usar todas as forças para comparecer na delegacia e prestar depoimento. A filha dela, Nicole Junqueira, de 19 anos, e a neta, Alice, de 1 ano e 2 meses, foram vítimas de uma tragédia na BR-369 no último dia 10 de dezembro. Carlos, o marido de Nicóli é quem dirigia o carro, um Honda Civic e bateu contra um poste no trecho próximo a Ceasa, na saída para Ibiporã.
A perícia indicou que o veículo estava a uma velocidade de 149 km/h. Imagens de câmeras de segurança mostram dois carros em alta velocidade pelo trecho.
O segundo motorista já foi identificado. Em seu depoimento, ele alegou que estava com medo de ser vítima de um assalto e por isso acelerou, mas o delegado não descarta a possibilidade de um racha. “Eu acredito que o condutor do veículo tinha a intenção de tirar racha. Se o outro veículo aderiu ou não a essa intenção é o que nos resta de encerramento. Ele diz que fugiu por me de um roubo, mas em nenhum momento ele denunciou esse roubo”, explicou Edgard Soriani, delegado de Trânsito.
Nicoli ficou internada no Hospital Universitário (HU) por 24 dias. Neste tempo, a jovem teve alguns momentos de lucidez e conseguiu relatar para a família o que teria acontecido. “Conforme os dias foram passando eu fui perguntando algumas coisas do acidente, o que ela lembrava. Ela não falava com voz, mas falava bem baixinho e a gente entendia. Ela perguntava ‘cadê a Alice?’... então a gente foi conseguindo trocar informações com ela desse jeito”, contou Simone Ferreira.
No momento do acidente, a bebê foi ejetada para fora do carro e morreu no local. Segundo a avó da criança, Alice estaria muito agitada e chorando, e na tentativa de acalmar a menina, Nicóli tirou a filha do bebe conforto.
As investigações continuam a cargo da Delegacia de Trânsito. Durante seu depoimento, Carlos permaneceu em silêncio. A família de Nicóli alega que ele já tinha um histórico de imprudências no trânsito. Agora, serão feitas buscas na casa dele para verificar essa versão e fazer um possível perfil do acusado para fechar o inquérito.
Simone conta ainda que teve discussões com Carlos dentro do hospital, e tem uma medida protetiva contra o ex-genro. Ela alega que ele seria violento.
Todas as pessoas envolvidas já foram ouvidas. O depoimento da mãe de Nicóli foi o último colhido. O motorista pode responder pelo crime de duplo homicídio ou com dolo eventual.