Na tarde desta quarta-feira (12), a Câmara Municipal de Londrina (CML) realizou reunião pública para discutir o consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes em espaços públicos, com foco específico na região da Rua Paranaguá. O evento foi organizado pela Comissão de Defesa dos Direitos do Nascituro, da Criança, do Adolescente e da Juventude da CML, presidida pela vereadora Jessicão (PP), tendo a vereadora Mara Boca Aberta (Podemos) como vice-presidente e o vereador Giovani Mattos (PSD) como membro.
Estiveram presentes representantes da Polícia Militar (PM), moradores da região e representantes de bares. Também foram convidados membros do Conselho Tutelar Central, Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) da Polícia Civil, Ministério Público do Paraná (MP-PR) e da Guarda Municipal, mas nenhuma das entidades enviou representante.
“Essa reunião não foi contra os bares, foi uma reunião para chamar a atenção para o que ocorre em um ponto específico da Paranaguá. Entre as ruas Piauí e a Pará, existe um pequeno shopping que está sendo muito afetado, porque vândalos estão pichando, deixando sujeira, fazem xixi e deixam fezes. E aquele lugar está virando um ponto de encontro de menores de idade que querem beber. Não que os empresários estejam vendendo, mas os adolescentes estão trazendo de outros locais. Essa reunião serve para passar um recado: nós vamos atrás. Se tem mercado na região vendendo, conveniência, maior de idade comprando para eles, nós vamos atrás dessas pessoas”, afirmou Jessicão (PP). Segundo a vereadora, a ideia identificar onde estão ocorrendo os chamados “rolezinhos”, marcados via redes sociais, e pontualmente levar essas informações à polícia e às autoridades.
Proprietários de bares ressaltaram a necessidade de uma fiscalização mais efetiva pelos órgãos do Poder Público para controlar o comportamento inadequado dos frequentadores nas ruas, não apenas de adolescentes. Segundo Vinícius Tadeu Máximo, os bares já tomam medidas como não permitir que clientes saiam com bebidas, não vender para menores de idade e fechar os estabelecimentos mais cedo. No entanto, ele observa que o problema persiste, especialmente nas noites de sexta-feira e sábado, e questiona a falta de uma fiscalização organizada em uma cidade do porte de Londrina. De acordo com Máximo, as fiscalizações atualmente ocorrem até as 22 horas e a rua fica cheia perto da meia-noite.
O conselheiro administrativo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) Norte do Paraná, João Guilherme Gouveia Varela, criticou a facilidade de culpar os bares e afirmou que a Rua Paranaguá está sendo usada como "boi de piranha" para a cidade, com possibilidade de consequências desproporcionais para os estabelecimentos da região. O projeto do novo Código de Posturas (PL nº 235/2023) enviado pela Prefeitura e que será votado pela Câmara proíbe bares na Paranaguá.
Presente à reunião, o capitão Emerson Castro Pires, do 5º Batalhão da Polícia Militar do Paraná, disse que o problema da aglomeração de pessoas bebendo, incluindo adolescentes, também ocorre em outros pontos da cidade, como na Rua Quintino Bocaiúva e no Zerão. Ele ressaltou que a PM não consegue permanecer em todos os locais e lembrou que há outras ocorrências que exigem a presença dos policiais. Sobre os menores de idade com bebidas alcoólicas, o capitão reforçou que cabe ao Conselho Tutelar acompanhar os casos identificados. Segundo Pires, as perturbações de sossego não são causadas pelos bares, mas pelas aglomerações nas vias públicas. Ele lembrou ainda que, na Rua Paranaguá, além das aglomerações, há veículos fazendo manobras perigosas, pessoas que aceleram motos e carros barulhentos. Para ele, uma solução seria implantar câmeras de segurança monitoradas por agentes, inclusive com decibelímetros, para comprovar irregularidades e autuar os infratores.